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O livro Convento de Tomar, berço de um grande império, de Isabel Santinho, foi apresentado a 28 de Novembro passado no auditório da Escola Superior de Educação (ESEC).
Rui Grácio, da editora Pé de Página que já editou três obras da autora, descreve o livro como uma narrativa poética, que traduz de uma forma acessível uma parte importante da História de Portugal. Alunos e professores da Escola EB 2,3 Nun' Álvares Pereira, em Tomar, encenaram um texto que inspirado nas mais recentes obras da escritora: Pedro e Inês, Lendas de Penela e Convento de Tomar, berço de um grande império, que inclui fotografias de Ludovico Rosa. Leonor Riscado, docente de Literatura Infantil na ESEC, referiu que a autora "revela um gosto pela palavra que surge naturalmente em verso, na quadra que flui por toda a sua obra". Esta subdivide-se em dois campos: o imaginário infantil e a perspectiva histórica. O primeiro livro de Isabel Santinho foi Luz, Sonho e Palavras, que serviu para apresentar textos que há muito guardava. O Pai Natal e a Cegonha, uma história dos pequeninos para os adultos, e Era uma vez uma espiga amarelinha e um pedacinho de céu azul revelam o gosto de Isabel Santinho por variar nos géneros literários. Ernesto Jana, docente de História da Arte na Escola Superior de Educação de Santarém e estudioso do Convento de Tomar, afirmou que Isabel Santinho transmite a magia do monumento e daquela parte da História, que por vezes parece esquecida, que o edifício representa. O significado que o convento e a Ordem dos Templários têm para a cidade de Tomar e para o país, acrescentou o docente, só é lembrado por alguns, como a autora. Ernesto Jana lamentou que os nabantinos não dêem o devido valor à sua cidade de Tomar. Para este investigador, os três últimos trabalhos de Isabel Santinho demonstram a dimensão do triângulo amoroso que Penela, Coimbra e Tomar formam na vida da escritora. No entanto, Isabel Santinho afirma que tem mais amores, e está para breve uma nova publicação que é precisamente sobre um deles... Isabel Santinho sempre escreveu, mas nem sempre teve facilidade em publicar. Apesar de os primeiros livros terem sido edições de autor, nunca esmoreceu. Foi com As lendas de Penela, em 2004, que começou a escrever com o objectivo de editar, mas é o livro sobre o Convento de Cristo que está a ter um maior impacte e aceitação do público. Recebeu o apoio de familiares e amigos, mas a crítica de António Torrado, uma referência na literatura infantil portuguesa, fê-la sentir que o seu trabalho tinha valor e que poderia continuar a escrever. Grupo 5
O Ateneu de Coimbra, colectividade de cultura e recreio, completou, no passado dia 1 de Dezembro, 67 anos. A data foi assinalada com um almoço convívio na cantina das Químicas e com um concerto na sua sede, em plena Alta, junto à Sé Velha. Um espectáculo realizado por três grupos nascidos na associação: Rebimb'omalho, Diabo a Sete e Diana e Pedro. Fátima Januário, dirigente da associação, conta que o Ateneu “nasceu de um grupo de 10 pessoas que queriam fazer teatro”. Esta colectividade está vocacionada para as actividades culturais, mas também para o apoio social. “Desde o primeiro dia que o Ateneu de Coimbra possui uma vertente de solidariedade”, sublinha Fátima Januário, mas só em 1977 foi criado o Centro de Dia 25 de Abril. Lurdes Sousa, directora deste serviço, explica que, “já na altura, a população que vivia na Alta era envelhecida e carenciada”. Durante o Estado Novo, o Ateneu teve uma função importante na luta contra a ditadura. “Os seus dirigentes foram muitas vezes presos pela PIDE. O Estado cortava a água e a luz. Apesar disso, os restantes membros continuavam a encontrar-se clandestinamente”, recorda Arminda Silva, sócia do Ateneu desde 1968. As comemorações do aniversário do Ateneu continuam com um workshop de Artes Plásticas. Já em Janeiro, as ruas da Sé Velha serão o palco do Cantar das Janeiras, no dia 18. Grupo 1
crónica Marcámos às duas da tarde nos claustros da ESEC. Tínhamos mais um trabalho em mãos e pouco tempo para o concretizar. Cada elemento do grupo organizou o seu tempo para estar na escola àquela hora, e alguns até atravessaram a cidade para cá chegar. À nossa volta, a música, as conversas e os risos são ensurdecedores e, por isso, aquele espaço não é o mais indicado para trabalhar. Juntos, percorremos os corredores apinhados de gente. "Desculpa, deixa-me passar... Com licença". Não é fácil atravessar a zona do aquário, quando há filas para a máquina de café ou para a fotocopiadora. Passado o “cabo das tormentas”, vamo-nos aproximando daquele que seria o da “boa esperança”. O barulho vai-se desvanecendo, à medida que nos aproximamos da biblioteca. Abrimos a porta e ouvimos um imenso burburinho, que abranda de cada vez que a funcionária sopra um “xiu” sobre aquele mar de gente. A biblioteca, como é conhecido o Centro de Documentação e Informação, deveria ser um local de estudo, com silêncio a ajudar à concentração. "Boa tarde, queremos um gabinete, se faz favor", dissemos à funcionária, sem antes ter reparado que estavam todos ocupados. O tempo ia passando e o nosso trabalho para Atelier de Televisão continuava na "estaca zero". Requisitar uma sala parece ser a solução, mas há um longo caminho burocrático a percorrer para conseguir a chave. Saltando de serviço em serviço, descobrimos queera necessário fazer a requisitar com 48 horas de antecedência. Só nos restava uma saída: fazer o trabalho na casa de um dos elementos do grupo, depois de umas horas perdidas. Bolonha trouxe mais alunos e a obrigatoriedade de estar presente nas aulas. Exige-se muito mais, sobretudo a nível de trabalhos a elaborar fora de aulas, e a ESEC torna-se pequena para proporcionar condições a tantos estudantes. Grupo 1
O Club Esec reabriu este ano lectivo, mas nem a maior variedade de actividades desportivas parece cativar os alunos. Aeróbica, latina, localizada, hip-hop, yoga, natação e ténis são as modalidades que fazem parte do programa actual. Mas só 20 alunos aderiram. A iniciativa arrancou o ano passado, com apenas três modalidades: ténis, aerofitness e natação. Actividades que não se mantiveram durante muito tempo devido ao número reduzido de alunos inscritos, explica Rui Mendes, um dos professores responsáveis pelo Club Esec. “Aumentar o índice de praticantes de actividade física no ensino superior” é o objectivo principal deste projecto, segundo Rui Mendes. Actualmente, o Club Esec conta apenas com 20 alunos inscritos. A vida sedentária dos alunos do ensino superior e a falta de conexão entre os estudantes e a escola são os motivos que justificam esta baixa adesão dos alunos, considera o docente. Cristiana Pereira, aluna da ESEC, refere que não está inscrita no “club” por incompatibilidade de horários. Já Frederico Silva e Pedro Raposeira, também alunos da ESEC, nunca tinham ouvido falar do projecto. De acordo com Rui Mendes, o Club Esec surgiu com a finalidade de se tornar um local de estágio para os finalistas da licenciatura de “Desporto e Lazer”, que leccionam as aulas das diferentes modalidades desportivas. É “um local extraordinário de estágio, uma vez que está inserido no contexto da própria ESEC, onde há respeito pelo trabalho dos estagiários”, diz o docente. Hugo Machado, um dos estagiários, revela que está a gostar muito da sua experiência porque é uma mais-valia para o seu futuro profissional. O estagiário refere que tem expectativas que o número de alunos aumente e espera que se desenvolvam mais projectos ao nível do Club Esec. Com o intuito de relançar o programa do Club Esec já no próximo semestre, Rui Mendes revela que serão realizadas várias acções de divulgação. O docente frisa a importância da manutenção da iniciativa, dado que “actualmente há estagiários de “Desporto e Lazer” com capacidade técnica para levar a cabo este projecto”.
Urânia Cardoso / 3º Comunicação Social
No próximo ano, o curso de Comunicação Social da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) vai ter o dobro dos licenciados, já que os alunos que frequentam actualmente os 2º e 3º anos vão concluir a licenciatura na mesma altura, o que está a preocupar os estudantes, que temem ver aumentar o risco de ficar no desemprego. Álvaro Bastos, do 3º ano, considera que, com esta medida, é “desemprego na certa” já que “o mercado está saturado”. Diana Oliveira, outra futura licenciada, também no 3º ano, acha que só vai beneficiar os alunos do 2º ano: “Nós temos mais um ano de formação do que eles, mas em créditos isso não vale nada”. A aluna ironiza, antecipando um cenário de 60 pessoas em “concorrência nas caixas do Continente, Modelo e Jumbo”. Opinião semelhante têm os alunos que frequentam o 2º ano, preocupados com a concorrência na procura de estágios curriculares e, posteriormente, na entrada para o mercado de trabalho. Já quanto à justiça da decisão, as opiniões dividem-se. Ana Antunes, do 2º ano, diz que “os alunos que agora estão no 3º ano vão ter vantagens”, referindo-se à possibilidade de serem privilegiados na escolha do local de estágio. Em contraponto, Carlos Soares, do 2º ano, acha “injusto os alunos do 2º ano apanharem os do 3º”. A reestruturação do curso de Comunicação Social foi decidida em Conselho Científico e, apesar de os alunos discordarem, Cristina Faria, vice-presidente do Conselho Directivo, explica o motivo: “Se os alunos que estão agora no 3º acabassem já este ano o curso, não estariam preparados para o mercado de trabalho”. O curso nos dois primeiros anos é mais virado para as cadeiras teóricas e esta medida pretende preparar os alunos para a prática. “Era impossível leccionar as cadeiras de especificidade num só semestre porque o 2º semestre do último ano é ocupado com o estágio”, esclarece. O problema é que o mercado de trabalho está cada vez mais cheio como comprova Álvaro Vieira, jornalista do ”Público” e actualmente docente na ESEC. Conhecedor das dificuldades de inserção profissional de estagiários, o professor afirma que “o momento não é famoso para a generalidade dos meios de comunicação e alerta: “Se acontecer o mesmo noutros estabelecimentos de ensino, vai ser muito complicado para os recém-licenciados”. O que se nota em todos os estudantes é ainda uma certa desconfiança no que respeita às mudanças que o processo de Bolonha traz e em que medida os irão afectar. Apesar das incertezas, os alunos estão agradados com a maior vertente prática do novo sistema.
João Pedro Sismeiro / 3º Comunicação Social
reportagem Lara Saramago foi informada de que seu pedido de alojamento tinha sido atendido pelos Serviços de Acção Social do Instituto Politécnico de Coimbra. Mas descobriu que não ficara contente com a notícia. "Ir para uma residência? Dividir um quarto? Nem pensar", foi a primeira reacção desta aluna do curso de formação de professores do 1º Ciclo de Ensino Básico, na ESEC. Depois lá se capacitou de que ia mesmo viver a experiência de morar numa residência académica. Feitas as malas, Lara abandonou o quarto que ocupava, sozinha, num apartamento com mais três pessoas. Numa rua sem saída junto ao Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), no meio de árvores, depara-se com cinco blocos construídos em forma de zigue-zague, mais conhecidos pela "residência laranja". Esta é uma das residências que o Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) possui para dar resposta aos pedidos de alojamento dos alunos com maiores dificuldades económicas. À entrada do bloco 3, a delegada, que também é aluna e aí residente, está à espera de Lara, para lhe explicar algumas regras de funcionamento da casa. O primeiro passo é preencher um formulário. De seguida, a delegada mostra-lhe a sala de convívio, comum aos três pisos do bloco. Sentadas no sofá preto, três estudantes cumprimentam Lara sem se distrairem da televisão. Ao descer as escadas para a lavandaria, a nova residente cruza-se com duas raparigas que carregam cestos de roupa. A delegada leva-a finalmente ao quarto que lhe está destinado, depois de atravessarem a cozinha onde há mais gente a comer. A cozinha, que será utilizada por mais 13 estudantes, está totalmente equipada. No mesmo piso, existe ainda uma sala de estudo. Curiosa e apreensiva, Lara abre finalmente a porta do 311, para conhecer a sua colega de quarto que, afinal, não está. "Sou filha única e nunca tive de dividir as minhas coisas", confessa. O quarto é exíguo e a cama está coberta com a colcha beige da residência, que Lara não tardará a trocar por outra mais colorida. Devagar, aproxima-se da parede onde estão coladas fotografias de várias pessoas e tenta adivinhar qual delas será a sua colega de quarto. Enquanto desfaz as malas, ouve risos e passos no corredor. Sente o quarto pequeno demais para as suas coisas. Hoje, dois anos depois deste dia, Lara diz que aprendeu a viver em comunidade e a partilhar. Natural de Alcácer do Sal, vai poucas vezes a casa e, por isso, passa muito tempo na residência. "Agora, quando estou sozinha no quarto, não é a mesma coisa", admite, já completamente integrada. No bloco ao lado, o dos rapazes, Roberto Lopes vê televisão com outros residentes. "Nunca me sinto só, há sempre alguém por perto", afirma este aluno do ISEC. Na residência há três anos, Roberto revela algumas coisas menos boas da convivência com muitas pessoas. "Foi muito constrangedor quando roubaram um monitor e todos tivemos de o pagar". O episódio gerou desconfiança, recorda. Mas prefere sublinhar os aspectos positivos da vida em comum. Quando chegam alunos estrangeiros, por exemplo, todos se esforçam por os integrar. "Tentamos falar em Inglês para os ajudar", acrescenta Roberto. Tanto Roberto como Lara relembram os tempos em que os blocos da residência declararam uma "guerra de sexos". As partidas eram constantes. Os rapazes, com as suas engenhocas, conseguiram assustar as raparigas. "Um dia, saio da cozinha e quando olho para a porta do meu quarto vejo uma labareda. Pensei que o meu computador tivesse explodido e tivesse acontecido alguma coisa à minha colega de quarto, que estava a dormir”, relembra Lara com um sorriso. Afinal era apenas um pouco de cola a arder, no chão. Noutra trincheira, Roberto conta que certa vez, ao sair do banho, desobre o guarda-fatos completamente vazio. "Tinham sido elas", ri. Da experiência de morar numa residência Lara e Roberto dizem levar "amigos para toda a vida". Relembram também os grandes convívios que os blocos organizaram, o último foi o da eleição da miss e do mister caloiro. Gerir a residência "é um desafio diário. Mais do que um trabalho, é uma missão que se assume com responsabilidade", diz Patrícia Almeida, assistente social do IPC. "É algo muito gratificante. Sentimos isso, quando um residente termina o curso e vem até aos SAS dar-nos um abraço em jeito de despedida e agradecer as oportunidades proporcionadas pelos serviços", conta emocionada. Grupo 1
crónica
Há dias assim. Em que me sento em frente ao computador, para escrever, e não sai nada de jeito. E com a pressão da escola, as coisas pioram. (Imagine-se então em pleno mercado de trabalho, com horários e prazos para cumprir! Enfim…) Esta crónica para o Cl@sse-Media, para Atelier de Imprensa, está a dar cabo de mim! Tanto tema que pode ser tratado, sobre o qual posso dissertar e dizer o que me apetece! Mas é tudo tão vasto, com tanto por onde se lhe pegar! Já pensei em tentar escrever sobre o diferendo entre o José Rodrigues dos Santos (JRS) e a RTP imensas vezes, e abordá-lo sob várias perspectivas. Por exemplo, podia tratar das interferências da administração da RTP nas decisões que cabem ao Director de Informação e que levaram à demissão de JRS em 2004; ou talvez comparar este caso com o que aconteceu com o Marcelo Rebelo de Sousa ou a Manuela Moura Guedes, que foram afastados ou pressionados a ‘calarem-se’ por interferências dos vários tipos de poder: o executivo de Santana quis abafar as críticas de Marcelo ao Governo; Manuela Moura Guedes foi imediatamente afastada pela Media Capital, quando o grupo económico comprou a TVI. Depois de desistir desta ideia, pensei também em falar sobre o Natal. Aí, o tema tinha pano para mangas! Talvez mesmo para produzir uma colecção de roupa… Tinha muito por onde desenvolver e vi-me quase grego para produzir um parágrafo coerente e estruturado. Bati com a cabeça imensas vezes na mesa, para ver se me acorria uma ideia, por menos boa que fosse, mas o resultado foram uns quantos galos, muitas dores de cabeça na manhã seguinte e o desespero a ganhar cada vez mais força. Finalmente, pensei mesmo em falar sobre a crescente importância das mulheres no mundo actual, nomeadamente nos altos cargos de organizações e, especialmente, na política. Pensei logo nos dois exemplos mais recentes: Segolène Royal, em França, e Hillary Clinton, nos Estados Unidos. Até tinha um ângulo de ataque perfeito! Pegava no facto de ser cada vez mais notório o facto de as mulheres começarem finalmente a ter um papel importante na sociedade. Apesar disso, desta defesa convicta da influência crescente das mulheres no mundo, vejo que a sociedade ainda não está preparada para ver materializadas estas mudanças. E isso materializou-se com a derrota de Segolène Royal contra Nicolas Sarkozy, apesar da óptima campanha que conduziu nas presidenciais em França. E espero que tal não venha a acontecer com Hillary Clinton, nas presidenciais norte-americanas em 2009. O mundo precisa de mulheres no poder! No entanto, foi aqui que as coisas começaram a complicar-se e as palavras se atropelaram umas às outras. E não digo isto de forma irónica!
Portanto, cheguei à conclusão de que isto de ser cronista tem muito que se lhe diga! Não é que não tenha algo a dizer sobre isto ou sobre o que de mais se passa no mundo actual! Nada disso, muito pelo contrário! Felizmente tenho as ideias e as minhas opiniões bem alinhavadas na minha cabeça. A verdade é que o tempo escasseia, a pressão e as deadlines apertam e a enorme quantidade de trabalhos académicos pedidos e outros encargos não ajudam a nada! Enfim, se quase nem tenho tempo para respirar, como é que posso ordenar as minhas ideias? Grupo 4 (João Oliveira)
entrevista “Todos podem entrar no Mercado Solidário, se trouxeram uma coisa feita por si”. Este é o mote com que a coordenadora, a professora Teresa Cunha, define o projecto que lançou na ESEC.
O que é o Mercado Solidário?
É um conceito e um instrumento económico de uma economia solidária, não capitalista, em que a base não assenta nem lucro nem nas mais-valias, mas em relações de troca de comércio mais solidário e justas.
Porquê realizá-lo na ESEC?
Porque temos a ideia de que só há uma maneira de comprar e vender, que é no shopping ou no supermercado, e uma maneira de pagar, que é em euros. Há milhões de pessoas no mundo que não têm acesso a dinheiro, por pobreza e miséria e também porque as economias locais têm escassez de dinheiro e têm de sobreviver. Então, inventaram formas diferentes de fazer comércio, sem a existência de dinheiro. Isto pareceu-me interessante, uma vez que estamos num mundo globalizado, em que muitas vezes perdemos a ideia de que o mundo é maior do que aquilo que nós vemos. Assim, queremos mostrar e ver que é possível comprar, vender, suprir necessidades sem recurso a dinheiro. Uma comunidade poder gerir os seus recursos para que todas as pessoas possam ter acesso a produtos e serviços importantes para a sua vida. Pareceu--me interessante fazer essa experiência aqui na ESEC.
A organização é do curso de Animação Socioeducativa mas com algumas parcerias. Quais?
A grande parceria é entre o curso de Animação Socioeducativa, em que todas as turmas estão envolvidas - quase 200 estudantes-, e uma comunidade rural da Granja de Ulmeiro, que já faz este tipo de mercado há três anos. Esta comunidade sabe muito bem como isto funciona. É uma iniciativa intergeracional: quando pensamos nas pessoas mais velhas, pensamos que ou estão nas instituições ou contam estórias antigas. Neste caso, as pessoas mais velhas sabem mais do que nós sobre economia solidária e podemos ter um convívio interessante com estas pessoas.
A moeda oficial é a "justa". Porquê este nome e como vai funcionar?
Não temos dinheiro, mas temos moeda. Dinheiro e moeda não são a mesma coisa. A moeda é local e só vale na ESEC. Cada comunidade tem de pensar na moeda e no valor de referência que faz sentido nessa mesma comunidade. Havia muitas propostas: "solidário", "animação", "esequitas". Escolheu-se "justas", porque tinha de ser um nome que apelasse à justiça, à solidariedade, às trocas de amizade e, por outro lado, que fosse curtinho e nada complicado. No mundo capitalista, a maior parte das economias baseia-se no preço do barril de petróleo; no caso da ESEC, pensámos no que vale muito para os estudantes, o que pode ser um valor de referência. Chegou-se a um consenso sobre aquilo que poderia ser um portfólio de competências pessoais e profissionais, que é um dos frutos do trabalho da maior parte dos estudantes da ESEC. Quanto pode valer um portfólio? Chegou-se ao valor de 150 justas e todos os outros valores serão feitos ou indicados tendo como referência o portfólio. Só há uma regra para entrar no MS: todos podem entrar, se trouxeram uma coisa feita por si, fruto do seu trabalho. Quando se inscrevem com um produto ou serviço, há um banco que oferece 500 justas em troca do produto ou trabalho. É com essa moeda que se vai vender e comprar. Depois funciona como outro mercado qualquer. O banco só dá o primeiro crédito em troca do serviço ou produto, para todos terem igualdade de oportunidades.
O que podemos encontrar neste mercado?
Muitos produtos da terra, que as pessoas cultivam ou produzem, desde frutas, legumes, vinho, batatas... Também há produtos alimentares confeccionados, como compotas, bolos, mel, molhos… Vamos ter uma secção de artesanato urbano, que é feito pela malta mais nova - porta-retratos, écharpes, bijuteria. E temos uma secção de artesanato mais tradicional: panos da loiça, bordados, saquinhos para o pão, rendas, coisas feitas por moças mais novas e mulheres mais velhas, coisas que podem constituir bonitos presentes para dar à mãe ou à avó no Natal. Haverá ainda uma secção de serviços, como contar histórias, manicura, aulas de voz, de canto, boleias, depende daquilo que cada pessoa pode e quer dar neste contexto. Tem uma infra-estrutura simples, uma vez que não temos grandes recursos. Grupo 5
A primeira Reunião Geral de Alunos (RGA) deste ano lectivo contou com a participação de apenas 15 alunos, sendo que nove eram membros da Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação de Coimbra (AEESEC). A RGA decorreu a 21 de Novembro, no auditório da escola. O presidente da AEESEC, Laurindo Filho, disse ao Cl@sse-Media ter ficado aborrecido com o desinteresse da generalidade dos estudantes pela RGA, que nem por isso deixou de se realizar. “Nem que fosse só com um aluno”, comentou. Com o aumento das propinas, a análise da situação do Ensino Superior e o balanço da actividade da AEESEC na ordem de trabalhos, a RGA estava planeada desde o início do ano lectivo, já mas a associação de estudantes preferiu esperar por uma quarta-feira em que o auditório estivesse livre. Os membros da AEESEC queixaram-se que o facto de Instituto Português da Juventude ter reduzido em 60 por cento as verbas destinadas à associação estava a dificultar a concretização do programa elitoral e a prejudicar a actividade dos núcleos. Laurindo Filho observou que todos os estudantes reclamam as infra-estruturas, mas que, dos 1800 alunos da ESEC, apenas 600 subscreveram o abaixo-assinado contra o aumento das propinas. Grupo 4
entrevistaJoão Ventura é o coordenador do Centro de Meios de Audiovisuais (Cemeia), o serviço mais procurado pelos alunos dos cursos de Comunicação da Escola Superior de Educação de Coimbra. É um funcionário conhecido pela sua disponibilidade e profissionalismo. No Instituto Miguel Torga, lecciona duas disciplinas do curso de Multimedia - Atelier de Vídeo e Edição de Vídeo Digital. Mora no Porto e os seus dias têm menos três horas e trinta minutos. E o tempo que passa em viagem, entre casa e a ESEC. Muita gente estuda em Coimbra e vai trabalhar para cidades maiores. O João Ventura estudou no Porto e veio trabalhar para Coimbra.
Tirei o bacharelato em Tecnologia da Comunicação Audiovisual, no Instituto Politécnico do Porto, mas a licenciatura em Comunicação Social já foi feita aqui na ESEC. Em relação aos audiovisuais, a minha formação-base é técnica e decorreu, de facto, no Porto. O curso de Comunicação Social foi um complemento, para tentar perceber o que é esta arte da comunicação, para entender a sua técnica. Aprendi o que é estar em frente a uma câmara ou a um microfone de rádio. Sinceramente, a escrita não me atrai tanto. Quando entrou no Cemeia?
Sou coordenador desde Setembro, deste ano. Mas trabalho aqui na ESEC desde 1998. O que é que mudou no Cemeia, nesses quase dez anos?O contacto que tive com os audiovisuais durante a minha formação no Porto permitiram-me aceder a uma realidade que simplesmente não existia aqui, em Coimbra, quando cheguei. Não direi que aqui estávamos na pré-história, mas a ESEC estava muito mal equipada. Tanto em qualidade como em quantidade. Pareceu-me, também, que não havia uma orientação lógica em termos de aquisição de audiovisuais, quer fosse um vídeo, uma câmara ou um computador. Temos que nos lembrar de que, há dez anos, um equipamento topo de gama, mesmo que fosse da área dos utilizadores domésticos, era muito caro. Agora, já estamos na era do digital. Temos equipamento de DV ( Digital Video) e já pensamos em adquirir HD ( High Digital). O Cemeia existe essencialmente para gerir os equipamentos utilizados pelos cursos de Comunicação Social e Comunicação e Design e Multimedia?Não. O Cemeia tem um conjunto de equipamentos requisitáveis e não requisitáveis. No entanto, os materiais - uns de uma gama mais baixa, outros profissionais -pertencem à escola e são para os alunos utilizarem. Independentemente do curso. Desde que se seja aluno da ESEC, pode-se aceder aos equipamentos. A ESEC tem verbas que permitam ao Cemeia comprar equipamentos de qualidade?Não. A escola não nos tem dado esses orçamentos. Por políticas internas, mas talvez também por falta de experiência de gestão. Ainda assim, temos adquirido alguns materiais. Neste momento, estou a elaborar uma espécie de caderno de encargos, onde todas as necessidades do Cemeia estão incluídas. Desde as obras, as alterações físicas do espaço, ao equipamento. Como caracteriza o ambiente de trabalho no Cemeia?Penso que o ambiente é bastante saudável. Cada um tem a sua personalidade, mas há que saber gerir os recursos humanos. Tento, como coordenador, ouvir toda a gente, e espero que também me saibam ouvir. Há questões que são absolutamente profissionais e outras não. Em termos de relação entre funcionários e colaboradores, a situação é bastante salutar. Os alunos fazem muitas queixas? Quais são as mais frequentes?Se tiverem queixas a fazer, agradeço que as façam. O que acontece, algumas vezes - e isso também depende da altura do ano lectivo -, é que, quando os alunos estão mais apertados com o tempo, o desespero acaba, às vezes, por gerar algumas crispação desagradável. Normalmente, as queixas estão relacionadas com a falta de recursos técnicos. No início do ano lectivo, havia falta de colaboradores. Porque é que isso acontece, quando há alunos que se disponibilizam para colaborar?Há falta de colaboradores pela seguinte razão: quando vim para cá, éramos quatro pessoas efectivas. Passaram nove anos e, agora, somos só duas. Portanto, tendo em conta o número de utilizadores que temos e o elevado número de requisições, duas pessoas fixas neste espaço é insuficiente. O ideal seria três, quatro seria espectacular e cinco já seria uma multidão. A questão dos colaboradores está relacionada com a falta de verbas e de autorização, por parte do conselho directivo, para a integração de alunos no Cemeia, assim como no apoio às salas de informática e noutros sectores. Os alunos vêm ter consigo muitas vezes para tirar dúvidas relativas a assuntos que foram leccionados nas aulas?Isso é "o pão nosso de cada dia" [risos]. Porque é que isso acontece?Independentemente dos docentes que leccionam esta ou aquela disciplina, há componentes que que lhes escapam: são os elementos técnicos. Na parte académica, são excelentes. Têm investimento pessoal na carreira, a nível de mestrados e doutoramentos. Mas tenho notado uma dificuldade da parte deles nas questões puramente técnicas. Desde a mais simples à mais elaborada. Uma das hipóteses, para resolver essa situação, seria fazer como nas engenharias - as disciplinas teriam uma vertente teórica, leccionada pelo docente da cadeira, e um acompanhamento de prática no laboratrial, a cargo de alguém entendido do ponto de vista técnico. O que acaba por ser preocupante são as exigências que os docentes fazem nos trabalhos que pedem aos alunos, sem explicarem como se faz. Custa-nos um bocado emprestar equipamento que é da comunidade da ESEC e que o aluno nunca viu e não sabe sequer para que servem os botões. Esta é uma escola do Ensino Politécnico. Os alunos saem daqui preparados para manejar os equipamentos que encontrarão na actividade profissional?Os alunos sairão como eu saí do Politécnico: não me sentia preparado. Mas tive uma vantagem: no Porto, todos os alunos eram enquadrados em estágios profissionais que permitiam trabalhar a sério em vídeo e fotografia. Permitia-nos acompanhar as equipas de reportagem no terreno e passar por vários sectores. Não ficávamos a tirar cafés, como acontece nalguns estágios. Também é preciso ter sorte e encontrar pessoas com disponibilidade para nos ensinar. Sabia que, de acordo com os inquéritos que os alunos responderam no ano passado sobre a qualidade dos serviços da ESEC, o Cemeia foi o centro que reuniu opiniões mais positivas?Não sabia. Como explica esse facto?Independentemente de se estar a trabalhar numa instituição pública ou privada, temos que fazer o nosso trabalho. Há pessoas que se acomodam e há outras que tentam resolver os problemas da melhor forma. Temos de enfrentar as dificuldades que os alunos nos apresentam e, ao fazê-lo, estamos a aprender também. Há situações que já são rotineiras, mas há outras que nos obrigam a procurar soluções e que nos fazem ganhar experiência. Estamos cá para vos servir, mas não somos vossos servos. Se pudesse melhorar já o equipamento de um dos laboratórios da escola, qual escolheria?O parente pobre do Cemeia, neste momento, é o áudio. A parte de vídeo também precisa de levar uma volta, de um investimento, mas ali já existe qualquer coisa. Na parte do áudio é que não temos mesmo nada. Que planos está a fazer para o Cemeia?Muita coisa, muita coisa... Sem dinheiro não se pode fazer muito. Tenho de pensar na quantidade de utilizadores do serviço. As necessidades dos alunos de Comunicação em termos de equipamento, que, à partida são os mais especializados, coincidem com as dos alunos de Educação Física, que gravam alguma das suas aulas. E não há microfones. É algo que tem de se ter em conta. E depois há outro tipo de utilizadores, mais comum, que são os dos outros cursos. Esses já levam outros equipamentos, outro tipo de câmara, que já se encontra adequado. Quero também apostar na formação interna, fazer workshops, a nível de informática, de edição de vídeo e de áudio. Para que as pessoas, ao entrarem aqui, não estranhem os equipamentos. Isso também ajudaria na salvaguarda dos mesmos equipamentos, em termos de durabilidade. Já lhe surgiu a oportunidade de ser docente na ESEC?É incompatível ser docente e técnico em simultâneo. Não seria por mim, só que, na ESEC, podemos ser todos funcionários do Estado, mas teremos aqui duas classes. É complicado para a escola gerir o facto de técnicos poderem estar a leccionar. Preferem, infelizmente, ir buscar pessoal ao exterior. Não quer dizer que sejam melhores ou piores do que os da casa. Quem gere a escola é o conselho científico. Como trabalha numa área que está em constante mutação, sente necessidade de se actualizar?Completamente. A ESEC favorece a criação de novos projectos no Cemeia?Tanto nos pedem ideias como, quando queremos fazer alguma coisa, dizem que “estamos a pôr-nos em bicos de pés”, que “estamos à procura de protagonismo”. Dizem sempre que temos falar com X ou Y, porque é coordenador da área e que, se não o fizermos será de mau tom. É complicado. Costumo dizer que somos meia dúzia de "gatos pingados" aqui na ESEC e que podíamos andar no paraíso, mas há muitos grãos de areia... Esta é uma fase de adaptação, para o Cemeia. Estou a ver como as coisas estão, até ao final do ano. Em 2008, não digo que vou "entrar a matar", mas quero vero se mexo alguma coisa. Acontece é que, na função pública, os prazos são sempre muito dilatados. Neste momento, a palavra para o CeMeiA é "adaptação". E o João Ventura, está "adaptado"?Não me quero tornar numa pessoa que "pica o ponto" para entrar e para sair e vai embora a pensar que já passou mais um dia. Já que estou nisto, não quero frustração aqui. Grupo 4
perfilLuís Pato começou cedo a revelar um gosto particular pela imagem. Aos 7 anos, passava a maior parte do tempo a desenhar com lápis de carvão. E podia demorar dias a terminar um desenho. A sua infância foi passada nos Estados Unidos. Nascido em 1976, na cidade de Cantanhede, Luís Miguel da Cruz Pato foi viver ainda pequenino para Newark, com os pais. Numa das viagens a Portugal, foi impossível separá-lo do lápis e do caderninho de desenho. Foi no chek-in, no aeroporto, onde um funcionário diligente decidiu que as normas de segurança não permitiam o transporte daqueles objectos junto dos passageiros. O pequeno Luís fez uma birra tão grande que o seu pai não teve outro remédio senão pagar 50 dólares de caução, para que o seu rebento pudesse terminar o desenho que estava a criar há dias. Dos Estados Unidos, Luís Pato trouxe o hábito de leitura e uma boa formação de base. Aos 13 anos, já tinha estudado três obras de Shakespeare, ouvia Mozart, Beethoven e tinha feito teatro. O seu gosto musical vem dessa educação. Desde cedo foi motivado pelo pai a participar numa orquestra, onde começou a praticar trompete. Ainda hoje adora ouvir Miles Davis e Louis Armstrong. A criança sossegada tornou-se um adulto persistente. De volta a Portugal, estudou na Escola Secundária de Cantanhede. Logo então, tentou trabalhar no campo do audiovisual. O seu fascínio pelas câmaras levou-o a perseuir fotógrafos de casamento, pedindo-lhes para o deixarem fazer a reportagem em vídeo. Não teve sorte, mas nunca mais deixou de bater às portas, oferecendo-se para colaborar em trabalhos relacionados com a comunicação e com a imagem. Quando frequentava a licenciatura de Comunicação Social da Escola Superior de Educação de Coimbra, entrou para a rádio Rádio Universidade de Coimbra e participou no jornal académico A Cabra. A atracção de Luís Pato não era tanto pelo jornalismo de imprensa. O que o atraiu para o curso foi o desejo de “contar histórias através da estética da imagem”, explica. A componente audiovisual da licenciatura em Comunicação Social permitiu-lhe desenvolver as suas aptidões na sua área de eleição. Grande cinéfilo, gosta de Stanley Kubrick e de Hitchcock, realizadores que tem como referência e com quem tenta aprender sempre mais. Fez estágio curricular na NBP [Nicolau Breyner Produções], onde trabalhou no plateau de quatro novelas televisivas. Nesta fase, Luís Pato comenta que “nem via o sol: Entrava ainda de noite no estúdio e saia no final do dia, já novamente de noite”. Fez o Mestrado na Universidade Nova de Lisboa em Audiovisual, Multimédia e Interactividade, onde se desviou da parte jornalística da sua licenciatura, aproximando-se cada vez mais daquilo que realmente queria fazer. No segundo ano da licenciatura, assim que soube que ia ser criada a TV Saúde, resolveu faltar às aulas e, à tarde, já lá estava pronto para colaborar. Aceitaram-no e, a partir daí, descobriu o que realmente queria fazer, tratamento de conteúdo e imagem, área que investiga e em que trabalha até hoje. Trabalhou com Francisco Amaral, que considera ter sido um verdadeiro mestre, em termos de ensino técnico e de lições de vida. "Ele é uma parte da história da comunicação social viva em Coimbra”, resume Luís Pato. O discípulo regressa como formador à Escola Superior de Educação de Coimbra, por convite dos professores Francisco Amaral e Franklin Carvalho, quando estava a decorrer o projecto de criação da ESEC TV. Participou na sua concretização e trabalha lá há já quatro anos. Tem um ar sério e sisudo e é o primeiro a dizer que “devia ser mais simpático”. Apesar do seu aspecto fechado, revela-se muito acessível afinal. Segundo Carina Esteves, da ESEC TV, Luís Pato é muito trabalhador e dedicado. "Se precisares de algo, ele estará lá. É muito amigo e preocupado, somos uma família”. Os outros colegas da ESECTV também reconhecem o seu perfeccionismo e empenho. Quando algo corre mal, Luís Pato tem de perceber qual o engano e explicá-lo da forma mais técnica possível. Às 20h00, ainda vemos Luís Pato atarefado pela ESEC. Bruno Santos, apresentador da ESEC TV, comenta que ele "parece andar sempre atarefado com qualquer coisa que ninguém sabe bem o que é… Mas que, de facto, é![risos]”. Grupo 4
Já falámos, por diversas vezes, nas aulas do problema de a transferência de anunciantes e leitores dos jornais em papel para a net não estar a ser acompanhada por um aumento proporcional das receitas publicitárias geradas pelos sites da imprensa. Ou melhor, pelo facto de o investimento publicitário perdido pelas edições de papel não ser compensado pelo investimento dos anunciantes nas edições online (o crescimento percentual é aqui um indicador inútil, já que na maior parte dos casos a publicidade online parte de valores irrisórios). Online salvation?, o artigo publicado hoje pela Americam Journalism Review, não é lá muito animador. Nem para os jornais tradicionais, nem para os jornais online, nem para os jornalistas, nem para o jornalismo em geral. O momento é mau e vêm aí dias piores. Álvaro Vieira
No próximo dia 30 de Novembro, pelas 14h30, terá início no auditório da ESEC uma assembleia sobre Mercado Solidário. Esta é uma iniciativa organizada pelos alunos da licenciatura de Animação Socioeducativa e coordenada pela docente da ESEC Teresa Cunha. Como colaboradores, este projecto conta também com a associação Acção para a Justiça e Paz e com a Comunidade da Granja do Ulmeiro. O Mercado Solidário é uma ferramenta económica para responder às dificuldades das populações e gerar rendimentos e alternativas mais justas e solidárias no acesso a produtos e serviços. Por se tratar de um tipo de mercado diferente, este não lida com o euro; utiliza a "moeda social" que, no caso da ESEC, vai tomar o nome de "justas". Esta iniciativa inclui dois momentos diferentes. O primeiro corresponde à sessão de 30 de Novembro, que conta com a apresentação de documentários e com debates entre convidados, como o professor Luís Mota e a professora Lucília Salgado, e entre estes e o público. Será ainda no dia 30 de Novembro que serão tratados aspectos relativos à organização do Mercado Solidário da ESEC. Para além da divulgação da iniciativa, decorrerão as inscrições e a distribuição das tarefas e equipas de trabalho. O segundo momento do Mercado Solidário na ESEC acontecerá no dia 6 de Dezembro, no claustro da escola, desde as 9 até às 13h00. Mas não é necessário esperar pela assembleia para se inscrever na iniciativa. Qualquer pessoa pode participar preenchendo o formulário electrónico disponibilizado na página web da ESEC, enviando-o depois para tahine@esec.pt. Em alternativa, poderá preencher os formulários em papel (reutilizado) que serão distribuídos pela escola, colocando-os depois no cacifo nº 68. Grupo 4
crónica Podemos mudar de bairro, de cidade, de país, de continente. Um dia, quem sabe, talvez possamos até mudar de galáxia. Mas há uma coisa que nunca seremos capazes de mudar: a nossa cultura. Até há cerca de dois meses, o meu ritual era o mesmo. Sentava-me na mesma cadeira, no mesmo bar e pedia a mesma bebida. O objectivo: assistir ao Mundial de Rugby. Procurei por todos os bares da zona, mas somente ali encontrei quem preferisse esta modalidade ao futebol e aproveitei a minha sorte de ter encontrado na mesma sala quem vivesse no mesmo planeta que eu, nem que fosse por apenas 80 minutos. Podem chamar-me lamechas, chorão ou sensível, mas acho que o hino nacional de um país é sagrado e, tal como tinha acontecido nos últimos jogos, as lágrimas escorriam-me pela cara abaixo, no que para mim mais não era do que saudades da minha terra. Mal acabou o Nkosi Sikelele, que fiz questão de cantar alto e em bom som para que todos os “entendidos” de Coimbra soubessem que there was a South African in the house, sentei-me para ver mais um jogo de suspense. Tal como no primeiro dia, eu era uma das três ou quatro pessoas a ver o jogo. Uma delas era um homem, na casa dos cinquenta, que passou o desafio quase todo fixado na televisão e a questionar-se sobre que tipo de jogo era aquele! "Que violência! Que horror!”, devia estar a pensar o homem que ficava cada vez mais pálido. Na África do Sul, costumamos dizer que o rugby é um jogo de animais jogado por cavalheiros e que o futebol é um jogo de cavalheiros jogado por animais. Dito isto, penso no número que conflitos que ocorrem entre adeptos do futebol e não deixo de pensar que, afinal, o jardim zoológico não se restringe às quatro linhas. Por toda a parte, ouvimos dizer que só conhecemos alguém verdadeiramente após o casamento. Eu sou mais prático: se querem conhecer-me como realmente sou, ponham-me a ver rugby! Pode não ser bonito, mas sou eu! Findo o jogo, fui para casa como se tivesse ganho a lotaria! Quem passasse por mim talvez me confundisse com um adepto do Fátima, isto porque a final do Mundial foi na mesma noite da jornada da Taça da Liga em que o Fátima bateu o Sporting por 2-1. Mais uma vez, tudo parece girar à volta do futebol… Tenho a certeza de que, para os empregados do bar, o facto de o mundial ter acabado deve ter sido um momento de alívio, mais não fosse por saberem que depois desse dia quase de certeza que eu não voltaria lá! Pelo menos durante os próximos quatro anos… Óscar Filipe Ferreira Pinto
reportagem Nos últimos tempos, quando se fala da Associação Académica de Coimbra (AAC), a primeira coisa que ocorre aos estudantes é o bar da associação. As secções culturais e desportivas da AAC parecem estar até a perder, a favor do bar, parte do protagonismo que já tiveram na academia. Em qualquer noite da semana, quem passar pelo edifício da rua Padre António Vieira vê grandes grupos de jovens à porta conversando, de copo na mão, à porta do bar. Às vezes, chega a haver fila para entrar. Lá dentro, há muito calor humano. Nota-se que algumas raparigas, e rapazes, se produziram com esmero, para a saída nocturna. Mas aqui também há muito fumo, bebidas entornadas e cheiros de diferentes perfumes. A música sobrepõe-se a quase todas as vozes, que têm de gritar para se fazer entender. O bar da AAC não se enche apenas à noite. Depois de almoço, basta uma espreitadela para se perceber que quem quiser tomar café terá que o fazer ao balcão, se não estiver disposto a desesperar por uma mesa. Pelo contrário, quem subir ao 1º andar da AAC, descobre os corredores das secções culturais e desportivas quase desertos, cruzando-se aqui e ali com o vulto negro de um estudante trajado. Ao cimo das escadas, tranquilas, o placard é uma gritaria visual de informações, com panfletos e cartazes alusivos às actividades do Coro Misto, aos cursos ministrados na RUC [Rádio Universidade de Coimbra], à prática do taekwondo, às aulas de guitarra portuguesa, aos torneios de xadrez e, claro, às acções de luta da academia contra as propinas. Apesar deste dinamismo aparente, um olhar mais atento nota que as vozes de muitos destes papéis já perderam vigor. Alguns já datam do mês passado, do ano passado ou mesmo de 2004 e começam a amarelecer. Perto dali, o teatro de bolso está vazio. Na porta, está afixado o cartaz da última produção do CITAC - Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra. “Estado de Excepção” é o nome da peça. A meio do corredor do 1º andar descobrem-se novos sinais de que o edifício ainda acolhe actividades culturais. Os suaves acordes de guitarra começam a iluminar e aquecer as paredes tristes de cor indefinida. Sentados em círculo, numa pequena sala da Secção de Fado, três alunos tentam escrupulosamente acompanhar o professor, que dedilha, mais ágil, as doze difíceis cordas da guitarra. A placa ao lado da porta dizia “ Sala da Secção de Fado”. São quase aulas particulares. Já houve turmas de 40 alunos na secção, mas este anoapareceram apenas dez interessados em aprender a tocar o instrumento da tradição coimbrã. A sala da Secção de Xadrez, uma das 25 secções desportivas da AAC, é das poucas que estão abertas. Esta, na verdade, tem a porta escancarada, mostrando as mesas cuidadosamente arrumadas, com as respectivas cadeiras à sua volta. Mas os reis e rainhas, imóveis, parecem aborrecidos nos tabuleiros, por não poderem governar um reino onde não há jogadores. No 2º andar da sede da AAC, volta a imperar o silêncio, só rasgado, de forma agressiva, pelos berbequins mobilizados para as obras de remodelação das instalações sanitárias. Mesmo ao lado da sala do Basquetebol fica a sala da secção de Jornalismo. Esta está em plena laboração. À volta de uma mesa, quatro colaboradoras sorridentes, todas alunas da Universidade de Coimbra, preparam as peças da próxima edição de “A Cabra “. Como o último número do jornal, com periodicidade quinzenal, acabou de sair, há mais que tempo para preparar as coisas com descontracção. Esta é uma das 16 secções culturais da AAC que têm mantido um trabalho mais constante, como está aí "A Cabra" para testemunhar com as suas edições sucessivas. A AAC também reservou um lugar para o cinema. A secção chama-se Centro de Estudos Cinematográficos. A porta está fechada, mas exibe o calendário dos filmes que vão passar no Ateneu, semanalmente. O festival Caminhos do Cinema Português também é organizado pelos estudantes que costumam ocupar esta sala, agora vazia. Lotação esgotada, ou quase, é algo que só mesmo o bar da AAC, cheio de conversas, fumo e cafés, parece conseguir nesta tarde. Grupo 4
perfil Quando se ouve risota ou agitação na ESEC, o mais certo será Teresa Jorge estar aí. Nasceu em Luanda há 34 anos. Veio para Portugal com sete meses, mas sonha um dia voltar a Angola. Morou sempre em Outil, concelho de Cantanhede. No secundário escolheu Humanidades, mas o seu sonho sempre foi Desporto. Também quis seguir a carreira do pai, polícia, ou ser militar, mas a Matemática fê-la desistir. "Sou a rebelde lá de casa, a mulher do desporto. O meu irmão era o menino queque", conta Teresa Jorge, que sublinha ser do signo Escorpião. Entrou na Escola Superior de Educação da Guarda em Relações Públicas. "Foram os melhores anos da minha vida. Era a mais maluca das quatro lá de casa", diz divertida. No final do bacharelato, fez cinco estágios. O primeiro foi na Câmara Municipal de Cantanhede: “Ganhei muito calo, foi a escola da minha vida”. O mesmo aconteceu na Purina, a empresa das rações para animais, onde ganhava 115 contos (575 euros) que pareciam uma fortuna. “Fiquei doida!”, recorda extasiada. Foi para o Governo Civil de Coimbra durante ano e meio, mas dessa vez ficou desiludida. "Ensinou-me o pior". Chega então à ESEC em 1999, para se licenciar. No estágio profissional que cumpriu nesta escola, abriu o Gabinete de Relações Públicas e acabou por ficar efectiva na casa. Diz que, até 2003, tudo correu bem, mas que, a partir daí, com a mudança de conselho directivo, as coisas pioraram. “Ou és forte e aguentas ou, então, sofres bastante. Quanto mais tentava provar, menos queriam saber, e os meus projectos não saíam da prateleira. Eu gosto que me piquem, que me explorem”. Até Junho de 2007, quando entra novo directivo, confessa ter sofrido bastante. Agora sente-se outra: “Há feedback, respeito e sou ouvida”. Conta que aquilo que mais a prende à escola são os alunos. “Ninguém sai do meu gabinete sem que fique tudo tratado. Se as pessoas me procuram, é porque precisam da minha ajuda”, reforça. Em 2002, Teresa Jorge deu aulas de Relações Públicas a alunos de Turismo em Cabo Verde, durante duas semanas. “Fui assaltada por miúdos! A partir daí, senti-me preparada para tudo e fui passar férias sozinha ao Brasil”. Apesar dos altos e baixos por que passou na escola, não faltou um único dia. “A melhor coisa que me aconteceu na ESEC foi ter conhecido o Armando”. Começaram a namorar em 2004 e casaram um ano depois. “O primeiro beijo tive de ser eu a dar-lho, em frente ao guichet dos Serviços Académicos. Depois da hora de expediente!”, ressalva a rir. Casou pelo Registo Civil, de ténis e jardineiras, depois de ter feito o noivo andar atrás dela na manhã do casamento, pensando que Teresa se teria arrependido. “Cheguei ao tribunal e escondi o carro atrás de uns arbustos e o Armando, desesperado, foi à praia procurar-me. Liguei-lhe a gritar: ‘Onde é que tu estás, Armando? Estou à tua espera para nos casarmos!’”. Um mês depois, casaram pela igreja e foram morar para a casa que Teresa orgulhosamente desenhou. “Decidi ir morar sozinha quando ainda estava com os meus pais. Imaginei e concretizei cada parte da minha casa”. A independência sempre foi um objectivo de Teresa Jorge, que trabalhava durante as férias para ter o seu dinheiro de bolso. Desenvolveu o projecto “Tempos Activos” com o marido (“T” de Teresa e “A” de Armando). Ela ensina Aeróbica e ele Informática, tudo a baixo custo na Junta de Freguesia de Outil, cujo executico Teresa integra. A iniciativa ajudou-a a abstrair-se da ESEC, fora do horário de trabalho. Diz estar na junta “não pela política, mas pelo povo”. O cancro despertou especial atenção em Teresa, depois da morte da mãe de uma amiga. “Apercebi-me de que a saúde é o nosso bem mais precioso, mais importante do que uma conta cheia de euros. Tomei conta dos filhos da minha amiga, depois de a mãe lhe ter morrido com cancro e de também a ela lhe ter sido diagnosticado o mesmo problema”. Por isso, todos os anos, Teresa realiza jantares cuja receita reverte a favor do Instituto Português de Oncologia de Coimbra ou da associação Acreditar. Para não pensarem que é “uma obcecada por cancros”, decidiu também organizar jantares para ajudar os bombeiros de Cantanhede. Detesta esperar, mas desta vez não teve hipótese. Falta-lhe um mês para ser mãe. “É muito bom estar grávida, mas estou farta. Só quero ter este, mas gostava de adoptar uma ou duas crianças”. Já garantiu que, “se aos 9 meses o João não estiver cá fora, vão ver uma doida a subir e descer as escadas monumentais até provocar o parto”. Apesar de também gostar de dar e receber carinho, Teresa assume-se como exigente e impulsiva: “Quando me empancam eu expludo e posso perder a razão”. O marido concorda e acrescenta que ela “é muito exigente”. Teresa não desiste dos sonhos. “Gostava de abrir uma empresa de organização de eventos na área de hotelaria, ou algo ligado ao desporto”. Seja o que for que o futuro lhe reserve, será sempre algo ligado às pessoas. “A minha vida é gira, porque estou sempre em contacto com os outros. Sozinhos não somos nada”. Grupo 3
perfil Passa pelos claustros de manhã e é rara a pessoa que não cumprimenta com um bom dia ainda ensonado. Laurindo Filho é presidente da Associação de Estudantes da ESEC há cinco anos. Tem um problema com a Estatística Nascido em terras de Vera Cruz onde viveu até aos 11 anos, Laurindo saiu de S. Paulo para vir viver para Portugal. A instabilidade financeira, a insegurança e, principalmente, a enorme vontade de regressar às origens fez com que os seus pais assentassem de vez em Penacova, uma pequena vila do distrito de Coimbra. “Nós vivíamos muito bem lá, mas o meu pai achou melhor viver em Portugal”. Laurindo conta que a sua primeira desilusão, em Portugal, foi o clima, pois é uma pessoa que gosta de sol e calor. “Nunca mais me esqueço de que, quando cheguei, choveu durante 15 dias. Só me apetecia voltar para o Brasil”, recorda. O facto de os brasileiros serem pessoas mais alegres e afáveis também contribuiu para que as saudades aumentassem. Hoje, Laurindo diz já se ter habituado, mas não põe de parte a hipótese de regressar. Estudou no Instituto de Ensino Santo Ivo, em S. Paulo, até ao 5º ano e concluiu o ensino secundário em Penacova. Entrou na Escola Superior de Educação de Viseu em 1999, mas não ficou satisfeito, porque o que realmente queria era estudar em Coimbra. “Na altura, eu tinha 17 anos e, para além dos motivos pessoais, era em Coimbra, com toda a sua mística de vida académica, onde eu queria estudar”. Em 2000, entra na Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) na primeira opção, Comunicação Social, curso que frequenta ainda. Foi logo no seu ano de caloiro que se viu “metido” na Associação de Estudantes (AE), ocupando o lugar de relator do conselho fiscal. Concorreu à presidência da AE no ano de 2002/2003 e de lá não saiu até aos dias de hoje. Como seria de esperar, ao longo de cinco anos conheceu altos e baixos. Se há pessoas que desistem à primeira tempestade, essa pessoa não é Laurindo Filho. “Quando o compromisso está assumido, levo as coisas até ao fim”, diz com naturalidade. Hoje em dia, divide o seu tempo entre a AE, e toda a roda-viva que esta implica, a tentativa de se manter a par da actualidade informativa, e os assuntos relativos à Real Tertúlia Bubones (Comissão de Praxe da ESEC) que dirige como Mocho Real. Sempre que tem um tempinho, dá uma olhadela nos apontamentos de Estatística, cadeira que o prende no 3º ano da Licenciatura. As suas perspectivas para o futuro passam essencialmente por acabar o curso e trabalhar na área do curso. Nos tempos livres gosta é de jogar à bola com os amigos, embora também se dedique à prática futebolística a nível federado. Gosta de navegar na Internet, de ler, de escrever e de cantar. “Quem o conhece sabe que passa os dias a cantarolar. Às vezes é preciso pedir por favor, para que ele pare”, diz o seu irmão Horácio entre gargalhadas. Divertido, alegre, amigo do seu amigo, responsável, sensível, optimista, corajoso, romântico e muito empenhado são as palavras mais ouvidas pelos amigos quando o assunto é o Laurindo. A opinião é unânime: “Os adjectivos parecem poucos e vagos para o descrever”. E tu Laurindo, como é que te caracterizas? “Eu? Eu sou acima de tudo um sonhador”. Grupo 2
Convento de Tomar - O berço de um grande império é o título do livro de Isabel Santinho que vai ser apresentado a 28 de Novembro, no Auditório da Escola Superior de Educação de Coimbra. Organizada pela editora Pé de Página e a autora, a sessõ de lançamento da obra inclui, a partir das 17h50, a representação de alguns quadros históricos, em ambiente musical. A interpretação está a cargo de alunos e professores do Agrupamento de Escolas D. Gualdim Pais, de Tomar. Todos estão convidados a assistir, sobretudo aqueles que estudam ou trabalham em áreas como a Literatura, História, Geografia ou Turismo. Grupo 4
Pretas e Vermelhas Penduradas nas Orelhas é a mais recente produção do Teatrão, companhia de teatro de Coimbra. Com estreia a 24 de Novembro, às 17h00, no Museu dos Transportes, o espectáculo é dedcado aos meninos e meninas com mais de 3 anos. Pretas e Vermelhas Penduradas nas Orelhas sugere ao público uma viagem de quarenta minutos às brincadeiras e aos jogos de infância.Produzido pela Moagem, Cidade do Engenho e das Artes do Fundão e concebido por Leonor Barata, o espectáculo é interpretado por Ângela Duarte, Leonor Barata e Manuela Neves. As sessões para escolas dos dias 21 e 23 de Novembro já estão esgotadas. Para dia 24, podem ser feitas reservas através dos telefones 239 7140 13 / 914 617 383 e do e-mail: https://webmail.esec.pt/horde/imp/message.php?index=3753##. Grupo 4
O jornalismo tem sexo? – A Comunicação Social perante as questões de género é o tema do debate que vai ser realizado amanhã, 21 de Novembro pelas 21 horas, na sede do Sindicato dos Jornalistas, em Lisboa. No seguimento do ciclo “Conferências de Outono”, este é o penúltimo debate dirigido a todos os interessados na área do Jornalismo e da Comunicação Social. O debate conta com a participação de Fernanda Câncio, jornalista do DN , Sofia Branco, jornalista do Público e será moderado pela jornalista Rosaria Rato da Agência Lusa. Participam também o antropólogo Miguel Vale de Almeida e a psicóloga Regina Marques. A última conferência do ciclo está agendada para 28 de Novembro e terá por tema as Novas Tecnologias – Instrumento para uma nova ordem da comunicação. A sede do SJ fica na Rua Duques de Bragança 7 – E, em Lisboa. Grupo 4
crónica No início de cada ano lectivo, lá volta a mesma notícia agradável de que as propinas aumentaram. E lá temos de dizer à mãe que este ano em vez 650 vamos pagar 750 euros. Escusado será dizer que esta notícia provoca um colapso geral lá em casa, mas nada a que não se esteja habituado... Nós, alunos da ESEC, somos pessoas sensatas e até sabemos que ninguém nos iria pedir 100 euros a mais para nada. Mas quando começamos a pensar… A ESEC é a escola com menos condições de todo o Instituto Politécnico de Coimbra, mas cobra uma quantia exorbitante de propinas. Para onde vai todo este dinheiro é a questão mais frequente entre os “esequianos” e nunca ninguém sabe a resposta. Olhamos à nossa volta e não vemos investimento. Continuam a faltar salas no Pólo I da ESEC e os sacrificados continuam a ter de ir para as ruínas do Pólo II nos Olivais; continua a faltar material informático e hoje nem pudemos gravar para Atelier de Televisão porque só há quatro câmaras disponíveis. O objectivo das propinas seria angariar fundos para melhorar as infra-estruturas da escola, para aumentar o acervo da biblioteca e para adquirir material escolar necessário aos diferentes cursos. No entanto, como a verba atribuída pelo Ministério da Ciência e do Ensino Superior mal chega para pagar as despesas fixas, é provável que parte do valor que pagamos se destine, até, a pagar os ordenados dos funcionários! Vejamos, a escola tem 1700 alunos, a pagar 750€ cada um, ora… 750x1700 dá… bem, é só fazer as contas, como diria um antigo primeiro-ministro português. Grupo 3
crónica Em 2006, no meu segundo ano de licenciatura, decidi fazer parte das estatísticas e ser um aluno Erasmus durante um semestre. Começou, então, o meu percurso “erásmico”. Após a seriação dos candidatos, e respectivas colocações, a azáfama e burocracias começam a fazer parte da vida de um futuro estudante Erasmus. Surgem as reuniões com a coordenadora de curso para acertar a questão das equivalências, as consecutivas idas ao Gabinete de Relações Internacionais (GRI) para esclarecimentos e informações acerca de papéis a enviar. Até o que não está previsto surge. Todo o meu processo de “pré-Erasmus” começou no segundo semestre do primeiro ano da minha licenciatura. Na minha cabeça, tudo estava planeado. A certeza de que o início do meu segundo ano seria algures numa ilha chamada Inglaterra já estava instalada, mas não por muito tempo… A demora da resposta vinda do Cumbria Institute of the Arts deixou-me intrigado. A minha presença no GRI começou a ser uma constante. “Já responderam da universidade?” Foi a questão que durante semanas coloquei e para a qual obtive uma única resposta: “Não.” Comecei a ficar reticente…. Como eu, havia mais dois alunos que aguardavam a resposta positiva. Um dos alunos iria pelo período de um semestre, sendo que o outro iria pelo período de um ano. O tempo escasseava e uma resposta tinha de me ser dada. Mais uma vez, perguntei à responsável pelo meu processo de Erasmus: “Sofia, então já tens uma resposta?” “Sim.” Um sorriso logo apareceu, mas, num ápice desapareceu. A universidade inglesa não nos aceitou no primeiro semestre, porque receberam os papéis fora do prazo. “Como é que é possível?”, perguntei. A resposta que recebi do GRI foi a de que este tinha enviado os papéis atempadamente e que eles, em Inglaterra, é que não estavam preparados para nos receber no primeiro semestre. Palavra contra palavra! Quem disse a verdade? Ainda hoje me pergunto. De três alunos propostos ficam dois. Teresa Teixeira, uma aluna de Comunicação Social, que actualmente já se encontra licenciada, tinha a sua estadia programada para um ano lectivo. Com todo este desenrolar, Teresa viu-se obrigada a mudar para a sua segunda opção, a Holanda. Os outros dois alunos viram o seu Erasmus ser adiado para o segundo semestre, uma vez que o país que realmente queriam era Inglaterra. Ao aproximar-se o fim do primeiro semestre, a azáfama recomeçou e, depois de todas as burocracias tratadas - procuração, cartão europeu de saúde, assinaturas de contratos, entre outros - o momento de partir chegou. Newcastle foi a cidade que me acolheu num primeiro momento, uma vez que foi lá que poisei o primeiro pé em território inglês. Posteriormente, a minha estadia foi passada em Carlisle, onde ficava a universidade. Após conhecer a universidade e a minha tutora, escolhi o meu plano curricular. Como me tinham informado na ESEC, enviei o plano curricular para a coordenadora de curso e para o gabinete de relações internacionais, para saber se realmente podia frequentar as cadeiras escolhidas. A resposta que recebi durante os seis meses que lá permaneci foi….nenhuma! Durante todo o meu Erasmus não recebi um único e-mail da escola, nem da coordenadora de curso. Fiz cadeiras que poderiam não ser aprovadas e senti que realmente o apoio prestado pela escola é nulo. O mesmo se passou no que se refere ao alojamento. Não me deram qualquer referência. Apenas me deram o e-mail de alunos que já lá tinham estado em anos anteriores, mas não por iniciativa própria Apesar do sucedido, consegui fazer tudo que me propus e trazer 30 créditos para as respectivas equivalências. Nem tudo foi negativo. No final do ano lectivo, o Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) fez o balanço do dinheiro atribuído às bolsas de Erasmus e verificou que sobraram verbas, visto que não foram preenchidas todas as vagas disponíveis para esse ano. Foi então que vi a minha conta bancária com mais uns euros, que me ajudaram a compensar o investimento que fiz e, também, de certo modo, a falta de apoio da ESEC. E porque tudo está bem quando acaba bem, posso afirmar que o meu Erasmus me enriqueceu muito a nível pessoal, cultural e profissional. Foi, sem dúvida, uma experiência única. Desengane-se quem pensa que um Erasmus é só festa. Também é, mas não só. Erasmus é sinónimo de diversão, estudo, trabalho, viagens, amigos, conhecimento, frio, calor, etc. Resumindo é Coimbra2 (ao quadrado)! Vasco Pinto
entrevista Aos 45 anos, o vocalista dos Quinta do Bill, Carlos Moisés, regressa à escola. Invertem-se os papéis. Passou de professor para aluno e está no primeiro ano do novo curso de Música da ESEC. Todos os dias faz 160 quilómetros entre Coimbra e Tomar, cidade onde continua a viver. No ano em que os Quinta do Bill comemoram 20 anos de existência, o vocalista da banda da cidade dos tabuleiros falou ao cl@sse-media sobre a nova fase da sua vida.
Deixou o projecto dos Quinta do Bill de lado para se dedicar aos estudos? Não. Estou a fazer paralelamente as duas coisas. Tenho de conseguir compatibilizar esta opção de voltar a estudar com a continuação do projecto Quinta do Bill.
Porque é que decidiu continuar a estudar? Já tenho uma certa idade, mas nunca é tarde. Não cheguei a acabar o conservatório e resolvi tirar a licenciatura em música. O curso está a ser muito interessante. Estou a gostar imenso, tanto dos professores como dos colegas.
A ESEC foi o único sítio para onde concorreu? Praticamente foi. Inicialmente também tinha pensado em Castelo Branco, mas já tinham acabado as inscrições. Penso que acaba por ser mais acessível aqui em Coimbra, embora faça viagens de ida e volta todos os dias. São 80 km e nunca demoro menos do que 1h40 min, mas tem de ser…
E porquê a ESEC? Escolhi a ESEC porque, como vivo em Tomar, de certa forma, ficava perto. Também conhecia algumas pessoas que já tinham passado por cá e também alguns professores de outras escolas que me aconselharam a tirar a licenciatura. Sinto-me bem aqui e estou a gostar imenso do curso, do convívio, dos colegas e de partilhar conhecimento. Este início do ano lectivo está a ser aliciante, apesar de haver muito trabalho e muita matéria. Espero conseguir ir até ao fim.
Como consegue conciliar os Quinta do Bill com o curso? Com uma certa ginástica e uma gestão do tempo quase nos limites. Faço um esforço enorme. Como tenho um filho, tenho de fazer uma boa gestão das horas. Tenho pouquíssimo tempo, mas com força de vontade vou fazendo todos os possíveis para me conseguir dedicar aos dois projectos.
E na família, quais foram as reacções? Isto acaba por ser um pouco violento, um bocado ingrato. Como já disse, tenho um filho e é pequenino, tem 4 anos, e há dias em que só o vejo uma hora, duas horas… Portanto, depois tenho de compensar nos dias em que tenho um pouco mais de tempo para poder estar com ele. Mas é uma questão de rotina.
Mas qual é a prioridade neste momento? O curso ou a banda? São as duas coisas. Os Quinta do Bill são um projecto que já tem 20 anos. A determinada altura, a banda deixou de ser um hobbie para passar a ser uma profissão. No fundo, acabo por ser um músico profissional por causa do grupo, mas quero, ao mesmo tempo, ir fazendo os meus estudos e adquirindo mais conhecimentos. O objectivo é esse.
Sabemos que dá aulas. Sim, dei. Mas este ano tive de deixar de leccionar. Não tinha tempo.
Na ESEC, já alguma vez foi confundido com um professor? É provável (risos), muito provável. Mas sou um reles “caloiro”.
Acha que os professores o tratam de maneira diferente? Não, de maneira nenhuma. Sou um aluno como outro qualquer. Nem eu queria que fosse de outra forma. Por acaso tenho sido um aluno assíduo. Penso que é importante vir às aulas, porque assimilamos muito melhor a matéria.
Tem algum projecto para depois do curso? Provavelmente, dar aulas. Esta vida de músico é um bocado efémera, as coisas deixam de estar em graça. De certa forma, acabar o curso, também é uma solução mais segura em termos profissionais.
Que mais-valias acha que o curso lhe vai dar? Este curso tem uma vertente de ensino, mas também tem outras saídas profissionais, nomeadamente na área da cultura. Como tem uma vertente mais tecnológica, abre muito o espectro de soluções e de saídas profissionais.
Tem alguma ideia quanto ao futuro? Vou tendo, vou criando… Isto também acaba por ser uma descoberta, no fundo, entrar numa aventura. Tal como me acontece na música. Como imaginam, também no grupo em si existem várias saídas profissionais, passando não só por fazer música, gravá-la…
Os Quinta do Bill já têm 20 anos. Como é a banda actualmente? Em termos musicais, provavelmente estaremos mais maduros. Também se exige isso, após duas décadas. Os Quinta do Bill começaram por ser um trivial grupo de rock que acabou por fundir as suas sonoridades com o pop, o rock e a música folk. Fizemos essa fusão e essa acabou por ser a nossa identidade musical.
Qual foi a reacção dos restantes membros da banda ao saber que ia voltar a estudar? Acharam-me maluco! (risos) Mais por causa da idade e por todo o esforço que estou a fazer, mas apoiaram-me! Aliás, neste momento somos três caloiros. O guitarrista e o teclista entraram também num curso novo, Produção Musical e Música Electrónica, que abriu em Castelo Branco.
E agora, como se organizam para ensaiar? Nós já estávamos mais ou menos espalhados. Porque esses mesmos “caloiros” estão, neste momento, em Castelo Branco e a violinista é de lá também. O baterista é de Azenhas do Mar, Sintra, portanto já há algum tempo que fazemos esta ginástica para nos encontrarmos. O ponto de encontro é Tomar. Actualmente, com as novas estradas já é possível conseguir reunir sem vivermos todos no mesmo sítio.
Há pouco disse que se via como caloiro.Participa na tradição académica? Já tenho uma certa idade… Nem sei se vou comprar o traje. Não participei na praxe, ia sentir-me um pouco deslocado… (risos) Mas farei os possíveis para ser um aluno integrado a nível académico. Se possível, gostava de vir cá tocar e dedicar uma música à minha escola. Seria engraçado! Aliás, nós temos um disco ao vivo que foi gravado, exactamente aqui, na Queima de Coimbra, em 2003. Grupo 3
notícia “O silêncio que vivo é a cores, nunca é a preto e branco.”As palavras de Emmanuelle Laborit foram o mote para a comemoração do dia nacional da Língua Gestual Portuguesa, hoje na ESEC. A organização esteve a cargo de Dina Almeida, docente na Escola Secundária de Avelar Brotero, em Coimbra. A comemoração já vem sendo tradição. “Comecei a convidar as escolas com quem trocávamos ideias, ainda antes de se assinalar o dia a nível nacional”, conta Dina Almeida. No evento estiveram presentes a Escola Avelar Brotero, a EB 2,3 Poeta Manuel da Silva Gaio e a ESEC, de Coimbra; as escolas EB 2,3 de S. Miguel e a secundária da Sé, da Guarda; a Escola Secundária Celestino Gomes, de Ílhavo; e, por fim, as escolas EB 2,3 de Paranhos e a secundária Alexandre Herculano, do Porto. Em comum têm o facto de ter alunos com deficiências de audição e de fala. Maria de Fátima Sá Correia, da secundária Alexandre Herculano, já frequenta este evento há quatro anos. “É fundamental desenvolver os alunos culturalmente e também possibilitar o convívio com outras escolas”, defende a professora. Este ano, a Câmara Municipal de Coimbra apoia o evento, que foi integrado no programa das comemorações do centenário do nascimento de Miguel Torga. Nos anos anteriores, também a Câmara de Cantanhede se juntou ao projecto. A iniciativa incluiu uma visita à casa-museu Miguel Torga, durante a manhã. A professora Maria de Fátima achou “ notável” a comemoração de Torga em língua gestual. “Os alunos ficaram a conhecer o escritor português e é uma maneira de dignificar a língua gestual”, comentou. À tarde, todas as escolas se juntaram no auditório cedido pela ESEC, que também lecciona o curso de Língua Gestual Portuguesa. Cada grupo contribuiu para o espectáculo com dança, teatro ou até anedotas, tudo em língua gestual. A apresentação esteve a cargo de Roberto Silva, aluno do 3.º ano de Animação Sócio-educativa da ESEC. Há 10 anos, a língua gestual portuguesa foi considerada língua oficial na Constituição da República Portuguesa. Apesar de ser a primeira vez que se junta a esta comemoração, Nelson Santos, do Porto diz, com a ajuda de uma intérprete, ter tido pena de não ter participado mais. “Foi giro. Gosto de teatro, mas não tive tempo de ensaiar”, lamenta. Para a organizadora Dina Almeida, da Brotero, este tipo de eventos contribui para “sensibilizar a sociedade”. “É muito importante pelo convívio, pelo desenvolvimento da língua gestual e pelo facto de contribuir para que todos, não só os surdos, acreditem na Língua Gestual Portuguesa”. Do auditório da ESEC saiu o desejo de que este tipo de iniciativas se realize também fora de Coimbra. Grupo 3
reportagem São 9 da noite de um dia normal. Na Almedina, está a começar uma conferência. Já chegou à Bertrand o autor convidado para uma sessão de autógrafos e, na FNAC, estende-se a tela branca para projectar a curta-metragem de um jovem realizador. As livrarias já não se limitam a vender livros. Perceber porquê implica recuar 50 anos no tempo. Estamos em França e vamos entrar na loja de electrodomésticos que vai ditar o ponto de viragem no conceito de livraria. O director de comunicação da FNAC, Viriato Filipe, explica que o conceito FNAC nasceu exactamente em 1954. "Na altura, estavamos em pleno na vaga de democratização dos electrodomésticos e os fundadores queriam que qualquer pessoa tivesse acesso a essas modernidades". Há pouco mais de dois anos, a Bertrand abriu uma nova livraria em Coimbra. O espaço foi pensado durante quase um ano e, além de uma cafetaria, tem também um auditório. Nuno Matias, da Bertrand, considera que a loja do Dolce Vita, a maior do grupo no país, reflecte a "necessidade de haver um espaço maior na cidade, não só para comercializar livros mas também para dar algum espaço de lazer ao cliente". "Pensou-se numa cafetaria com luz natural, para que o cliente pudesse tomar o seu café, pudesse ler o seu livro relaxadamente... Pensámos também em ter um auditório e aliar um pouco as actividades que estão paralelas com a loja, como por exemplo as sessões de autógrafos", recorda Nuno Matias. Alguns metros abaixo, no Estádio Cidade de Coimbra, abriu uma nova Almedina. O espaço tem uma cafetaria a funcionar durante o dia e uma sala de conferências durante a noite. A primeira Almedina a nascer no novo conceito foi a do Porto. O director de marketing, Pedro Sobral, diz que os novos espaços "não têm a ver com um conceito anterior que não estivesse a funcionar": "Foi apenas uma questão de inovação. O conceito clássico das livrarias Almedina já funcionava extraordinariamente bem", explica. As livrarias portuguesas estão em fase de transição para o novo conceito. Uma realidade influenciada pelo aparecimento da FNAC em Portugal. "Sem querer puxar a brasa à minha sardinha, todos nós sabemos que, em Portugal, houve um 'antes' e um 'depois' de a FNAC ter entrado no mercado. Exactamente, porque as livrarias se deram conta de que vender livros não poderia ser feito de forma elitista, mas sim de uma forma acessível a toda a gente, como acontece com qualquer outro produto. E essa revolução que aconteceu em Portugal, penso eu, foi muito influenciada pela FNAC", sublinha. A Bertrand nega a influência da FNAC e assegura que o novo espaço foi uma ideia nascida na própria livraria. Nuno Matias garante que este projecto não foi pensado em função de qualquer referência "nem de dentro nem de fora do país". "Na Bertrand, começámos a perceber que cultura não é só vender livros, mas também proporcionar um espaço". Ao contrário da Bertrand, a Almedina assume que o conceito não é novo. O responsável do departamento de comunicação, Pedro Sobral, põe o acento tónico na adaptação dos espaços às diferentes cidades. «Obviamente que a integração de vários conceitos no mesmo espaço existe até fora do mundo livreiro. O que aqui tentámos foi ver o que melhor se adaptava ao modelo e à estratégia que a Almedina tem, mas também às cidades onde esta se inseria. Uma cafetaria e um espaço de discussão faz todo o sentido numa cidade como Coimbra, uma cidade que tem uma tradição muito grande". Os livros podem ser consultados pelos potenciais clientes. Os espaços estão revestidos com um design moderno e têm acesso à Internet sem fios. As livrarias deixam de ser um simples ponto comercial e assumem-se como espaço de lazer e de trabalho. A ideia agrada aos clientes. Paula Amado é enfermeira. Sentada em frente ao computador portátil na Almedina do Estádio, confessa-se fã das novas livrarias. "Pessoalmente, gosto. Não só permite uma melhor consulta dos livros como é também mais agradável, sem ser apenas aquele espaço tradicional de compra", declara. Também a Bertrand do Dolce Vita assegura que o espaço está a ter muito sucesso. Nuno Matias garante que, "quando a loja abriu, foi a mais visitada do Dolce Vita e o feedback dos clientes foi muito positivo. As pessoas gostaram bastante", reforça. Trinta por cento do que a FNAC vende são livros. Para Viriato Filipe, isto prova "o sucesso, não só dos livros, mas também do próprio conceito da FNAC, do livre acesso e de possibilitar a espontaneidade das pessoas em relação aos livros e à leitura". A perder ficam as livrarias tradicionais que, por serem mais pequenas, não têm possibilidade de se modernizar. "Só tenho os meus clientes habituais. Esses shoppings novos roubaram-nos muita clientela. Se tivesse de pagar o aluguer deste espaço, já tinha fechado há muito tempo", comenta Maria Alice, dona de uma pequena livraria. Os grandes espaços ficam cada vez maiores. Por um lado, estão a prejudicar o negócio das pequenas livrarias. Mas, por outro, estão a aumentar a oferta cultural das cidades. Todos os dias há conferências e debates, e conquista-se mais público para novas iniciativas. Nas livrarias de hoje há auditórios e cafetarias, mas o objectivo continua a ser o mesmo: vender livros. Grupo 3
crónica Acordo. Meio ensonada, dirijo-me à casa-de-banho. Bem perto, soam os altifalantes das mesquitas. Do alto dos minaretes, cânticos em árabe lembram os muçulmanos de que já é hora da oração. Frente ao espelho, eu pergunto-me: "O que vestir em Adapazari?” Situada na região de Sakarya, a duas horas de Istambul, a vida desta cidade turca mudou em 1999, quando um sismo, de intensidade 7,4, na escala de Ritcher, matou cerca de 25 mil pessoas. Morreu também uma cidade boémia e com uma desenvolvida indústria de seda e tabaco. Hoje, nem os amarelos, lilases e verdes das casas já reconstruídas sobressaem no meio dos destroços presentes por toda a cidade. Os mais ricos fugiram e fixaram-se noutras cidades. Ficaram os pobres, sem força económica para (re)erguer Adapazari. Óculos-de-sol, saias - mesmo que cobram o joelho - ou ombros descobertos são suficientes para atrair um olhar zangado. Ou até mesmo uma reprimenda, num turco bem furioso e no meio da rua, sobre a falta de decoro. A maioria das mulheres usa lenço, também as adolescentes e algumas crianças. Outras usam o negro completo, tendo só os olhos ou a cara descoberta. Muitos jovens e adolescentes de Adapazari não completam os estudos. No mercado e nas ruas, é comum vê-los a trabalhar, já com as mãos calejadas. A Universidade de Adapazari tem cerca de 30 mil estudantes, oriundos de toda a Turquia. Ainda assim, a universidade não consegue mudar os hábitos da cidade. Não há vida nocturna, a venda de álcool é muito restrita, até porque os preços são elevados. Não há promoção de agenda cultural na cidade. Os estudantes queixam-se, mas não fazem por mudar a situação. Grande parte, não tem qualquer actividade extra-curricular. Os que já tiveram alguma experiência no exterior (através do Programa Erasmus) esperam vir a trabalhar fora do país. “A Turquia é boa, mas para os turistas”, justificam-se. Muitas das raparigas tiram o curso, mas a pensar num futuro que se explica em poucas palavras: casamento e ficar em casa a cuidar da família. As estatísticas comprovam-no, tem havido um decréscimo do número de mulheres que trabalha fora de casa. O fez (lenço) é proibido nas escolas e edifícios governamentais. Na universidade, há alunas que o usam. Com uma peruca, por cima… Nas zonas rurais ou de população mais conservadora (como é o caso de Adapazari), o lenço imposto pela religião funciona como um cartão de visita, que separa as raparigas “honradas” das restantes. Isto não impede que a imagem do homem que transformou a Turquia num estado laico, separando a religião da política, esteja em todo o lado. Mustafa Kemal, mais conhecido como Ataturk (pai dos turcos) surge em estátuas por toda a Turquia e as suas frases estão bem à vista nos mais diversos edifícios. Desde lojas a edifícios de escritórios, passando por casas de particulares, todos têm uma fotografia ou uma imagem dele. Na universidade, em todos os gabinetes e salas de aulas, ele lá está. O lixo é despejado nas ruas. São raros, aliás, os caixotes de lixo. O trânsito é caótico, os sinais para peões não se respeitam e as passadeiras são meramente decorativas. Nas estradas, os Ferrari e as mais incríveis sucatas quase passam por cima uns aos outros. Os cheiros misturam-se em Adapazari, cidade de 200 mil habitantes. À poluição, junta-se o odor do Kebab ou das frutas e vegetais frescos. E, como diz um ditado turco, com o frio, chegam as castanhas. Lá longe, já se vê neve nas montanhas. É por tudo isto que eu me pergunto: “O que vestir em Adapazari?”. Sofia Macedo
Morreu o Mailer. É uma notíca dura e sombria como os romances dele. Quem tem the guts para fazer um obituário digno? Álvaro Vieira
entrevista Margarida Paiva é coordenadora do Centro de Documentação e Informação (CDI) da Escola Superior de Educação de Coimbra. Chefia, desde 1987, a equipa responsável pelo funcionamento da biblioteca da escola, estando intimamente ligada a toda a história da própria ESEC. Conta como iniciou as funções na escola e diz que “se começa a gostar dos livros no berço”
Há quanto tempo é coordenadora do CDI? Eu sou considerada da velha guarda, iniciei as minhas funções na escola em 1987, ainda no primeiro edifício da ESEC, na Rua Pinheiro Chagas, onde se deram os primeiros passos para o arranque da escola. Partilhávamos o edifício com os Serviços de Assessoria da Universidade de Coimbra, que ainda hoje aí funcionam. No ano seguinte, ocupámos as actuais instalações da escola, em coabitação com a Escola do Magistério Primário de Coimbra que cessava funções nesse ano mas ainda estava em funcionamento. A parte do edifício onde hoje está instalada a biblioteca ainda estava em obras e ocupámos a sala que hoje tem o nome da primeira presidente da ESEC, a Dra. Maria Alice Gouveia, e uma sala contígua, que hoje funciona como sala de informática.
Gosta do que faz? Como é que se tornou bibliotecária? Isto de ser bibliotecária foi tudo um acidente! A minha formação é na área das Ciências Pedagógicas de Filologia Romana, actualmente designada apenas por curso de Português/Francês. No entanto, surgiu a oportunidade de ir dinamizar a biblioteca do Centro de Medicina Pedagógica de Coimbra e eu aceitei o desafio. Como não tinha qualquer formação nesta área, inscrevi-me no curso de Técnicos Auxiliares de Biblioteca e Documentação, que só existia em Lisboa. No ano seguinte, iniciei o curso de Bibliotecário, Arquivista e Documentalista da FLUC, que era algo parecido com uma pós-graduação, mas já desempenhava funções no Centro de Medicina Pedagógica. Gosto muito do que faço e gosto muito de trabalhar. No entanto, não gosto muito de estar fechada num gabinete. Apesar de desempenhar o meu trabalho essencialmente num gabinete, gosto muito do contacto com as pessoas. Se este emprego for assumido de forma fundamentalista, tornamo-nos nuns ratos de biblioteca. E eu ratos… só os dos computadores! Gosto do que faço, todavia não gosto só das tarefas técnicas. Sempre que me dão a oportunidade de participar noutros projectos, eu vou. Gosto bastante do trabalho de grupo e, tal como no CDI, gosto de trabalhar em articulação com várias pessoas. Acho também que a biblioteca pode servir como detonadora de diversos projectos e que deve ajudar no desenvolvimento de variadas ideias. Um exemplo é o último projecto que esteve aqui na escola, o Magic Pencil.
Acha que os jovens lêem menos? Qual é a sua opinião sobre o estado da leitura em Portugal? Eu digo sempre que se começa a gostar dos livros no berço. Mas penso que, hoje em dia, as famílias já têm outra preocupação com a leitura, têm já um sentido de motivação para o livro e para a arte de ler. Também porque há outros meios de leitura, nomeadamente os meios informáticos. As próprias bibliotecas estão a adaptar-se a estes novos meios de informação e de leitura. Até porque voltámos àquilo que acontecia na antiguidade, onde os copistas dos manuscritos originais deixavam notas nas margens, que mais tarde eram incluídas no documento, e que davam origem a um novo documento. Com os novos meios informáticos, temos outra vez a capacidade de intervir nos documentos. Segundo os dados que são do conhecimento do público, os hábitos de leitura têm melhorado nos últimos anos em Portugal. E penso que a Internet é um meio útil para esse crescimento.
Hoje em dia assiste-se a um aumento de utilização da biblioteca. Pode já falar-se de um “efeito Bolonha”? Em primeiro lugar, não devemos avaliar o número de utilizadores pelos alunos que estão na biblioteca. Muitas vezes, os utilizadores não estão a fazer trabalhos de pesquisa, mas apenas a estudar. Não me queixo da falta de utilizadores, até porque temos cerca de 4000 pessoas inscritas, das quais 1600 são pessoas externas à ESEC e o restante serão os alunos e funcionários da escola. E isto pode ser constatado por toda a gente, pois a biblioteca tem um elevado grau de ocupação. À partida, deveríamos ter lugar para 10% dos alunos, no entanto não temos espaço físico para essa capacidade de resposta. Todavia, parece-me falacioso, e prematuro, associar essa ocupação com os novos cursos de Bolonha.
O novo espaço da biblioteca melhorou as condições dos alunos da ESEC? Claro que sim. E muito. Havia uma enorme falta de espaço reservado a trabalho de grupo. A área de trabalho de grupo era contígua à área técnica da biblioteca, numa espécie de aquário dentro da própria sala da biblioteca. Faltava-nos, de facto, uma área independente para esses trabalhos. E esta última intervenção foi bastante importante, pois ganhámos espaço. Tínhamos a parte das revistas, dos manuais escolares e do audiovisual na sala de leitura que, com esta remodelação, passaram para uma zona própria da biblioteca, com claros ganhos para os seus utilizadores. Com essa separação ganha-se também algum silêncio na parte da biblioteca destinada à pesquisa.
O acervo do CDI é suficiente para as necessidades da ESEC? Há alunos que se queixam de ter de recorrer a outras bibliotecas para consultarem os livros de que necessitam… Eu não sou responsável por isso, pois isso prende-se com quem faz a proposta das aquisições. Os professores têm a responsabilidade de executar os programas e apresentar as bibliografias. Portanto, ou me dizem para adquirir tudo o que está na bibliografia ou então têm de me indicar o que é essencial na bibliografia de cada área. Nós já fizemos o levantamento de todas as bibliografias digitalizadas, que estão na Internet, para ver o que nós não tínhamos. Verificámos que faltava muita coisa. Fizemos uma proposta ao Conselho Directivo e a resposta foi negativa, devido aos valores que isso acarretava. Há obras que são referências de cada curso, e faz parte das minhas competências propor a aquisição dessas mesmas obras. Agora, do ponto de vista bibliográfico, são os professores que têm de propor as obras. Nós damos andamento a todas as propostas. O que acontece é que, por vezes, não nos chegam essas propostas ou não há capacidade para a aquisição dessas obras.
Quais são os livros mais requisitados? Houve uma altura em que os livros mais requisitados eram os manuais escolares, e isso não diz muito bem de nós, como escola. Hoje em dia já é diferente, há uma maior orientação por parte dos professores para a consulta de livros na biblioteca. E isso reflecte-se nos livros mais requisitados, sobretudo os dos cursos de Turismo, da área da Educação e da área da Comunicação.
Que tipo de eventos é que o CDI promove? Nós oficialmente não temos que promover eventos, mas eu gosto muito de colaborar com os projectos da ESEC. Gosto de me envolver com tudo o que acontece na escola. O que retenho de mais bonito da minha vida profissional são todos os projectos em que me envolvi aqui na escola. Já organizámos grandes projectos, em conjunto com a Câmara Municipal de Coimbra, com a Fundação Bissaya Barreto, por exemplo. Actualmente, já não é possível realizar esse tipo de projectos, mas sempre que aparece algo, e sempre que me deixam apanhar a carruagem, eu entro! O projecto do Magic Pencil é disso um exemplo. Foi um projecto que me foi proposto pelas pessoas do British Council e eu aceitei o desafio.
Quais são as perspectivas para o futuro da biblioteca e do CDI? Eu gostava muito de alargar o espaço, mas tenho consciência de que há serviços dentro da escola que estão muito pior do que nós. Gostava de ter um espaço dedicado ao estudo, que permitisse à biblioteca ser um espaço mais silencioso, com melhores condições para pesquisa. Penso que o crescimento será inevitável. Por outro lado, acho que os recursos electrónicos são cada vez mais uma aposta. E o futuro passará por ter muitos dos trabalhos que são produzidos por professores e alunos da escola. É algo que ainda não temos. Mas o futuro passará também por aí. Grupo 2
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