quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O bar é que está dar na AAC


reportagem

Nos últimos tempos, quando se fala da Associação Académica de Coimbra (AAC), a primeira coisa que ocorre aos estudantes é o bar da associação. As secções culturais e desportivas da AAC parecem estar até a perder, a favor do bar, parte do protagonismo que já tiveram na academia.
Em qualquer noite da semana, quem passar pelo edifício da rua Padre António Vieira vê grandes grupos de jovens à porta conversando, de copo na mão, à porta do bar. Às vezes, chega a haver fila para entrar.
Lá dentro, há muito calor humano. Nota-se que algumas raparigas, e rapazes, se produziram com esmero, para a saída nocturna. Mas aqui também há muito fumo, bebidas entornadas e cheiros de diferentes perfumes. A música sobrepõe-se a quase todas as vozes, que têm de gritar para se fazer entender.
O bar da AAC não se enche apenas à noite. Depois de almoço, basta uma espreitadela para se perceber que quem quiser tomar café terá que o fazer ao balcão, se não estiver disposto a desesperar por uma mesa.
Pelo contrário, quem subir ao 1º andar da AAC, descobre os corredores das secções culturais e desportivas quase desertos, cruzando-se aqui e ali com o vulto negro de um estudante trajado. Ao cimo das escadas, tranquilas, o placard é uma gritaria visual de informações, com panfletos e cartazes alusivos às actividades do Coro Misto, aos cursos ministrados na RUC [Rádio Universidade de Coimbra], à prática do taekwondo, às aulas de guitarra portuguesa, aos torneios de xadrez e, claro, às acções de luta da academia contra as propinas.
Apesar deste dinamismo aparente, um olhar mais atento nota que as vozes de muitos destes papéis já perderam vigor. Alguns já datam do mês passado, do ano passado ou mesmo de 2004 e começam a amarelecer.
Perto dali, o teatro de bolso está vazio. Na porta, está afixado o cartaz da última produção do CITAC - Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra. “Estado de Excepção” é o nome da peça.
A meio do corredor do 1º andar descobrem-se novos sinais de que o edifício ainda acolhe actividades culturais. Os suaves acordes de guitarra começam a iluminar e aquecer as paredes tristes de cor indefinida. Sentados em círculo, numa pequena sala da Secção de Fado, três alunos tentam escrupulosamente acompanhar o professor, que dedilha, mais ágil, as doze difíceis cordas da guitarra. A placa ao lado da porta dizia “ Sala da Secção de Fado”. São quase aulas particulares. Já houve turmas de 40 alunos na secção, mas este anoapareceram apenas dez interessados em aprender a tocar o instrumento da tradição coimbrã.
A sala da Secção de Xadrez, uma das 25 secções desportivas da AAC, é das poucas que estão abertas. Esta, na verdade, tem a porta escancarada, mostrando as mesas cuidadosamente arrumadas, com as respectivas cadeiras à sua volta. Mas os reis e rainhas, imóveis, parecem aborrecidos nos tabuleiros, por não poderem governar um reino onde não há jogadores.
No 2º andar da sede da AAC, volta a imperar o silêncio, só rasgado, de forma agressiva, pelos berbequins mobilizados para as obras de remodelação das instalações sanitárias.
Mesmo ao lado da sala do Basquetebol fica a sala da secção de Jornalismo. Esta está em plena laboração. À volta de uma mesa, quatro colaboradoras sorridentes, todas alunas da Universidade de Coimbra, preparam as peças da próxima edição de “A Cabra “. Como o último número do jornal, com periodicidade quinzenal, acabou de sair, há mais que tempo para preparar as coisas com descontracção. Esta é uma das 16 secções culturais da AAC que têm mantido um trabalho mais constante, como está aí "A Cabra" para testemunhar com as suas edições sucessivas.
A AAC também reservou um lugar para o cinema. A secção chama-se Centro de Estudos Cinematográficos. A porta está fechada, mas exibe o calendário dos filmes que vão passar no Ateneu, semanalmente. O festival Caminhos do Cinema Português também é organizado pelos estudantes que costumam ocupar esta sala, agora vazia.
Lotação esgotada, ou quase, é algo que só mesmo o bar da AAC, cheio de conversas, fumo e cafés, parece conseguir nesta tarde. Grupo 4

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