sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Novos estudantes desfilaram por Coimbra

reportagem
“Coimbra é nossa” é o que mais se ouve nas ruas da cidade. O barulho das latas atadas aos pés dos caloiros é o som de fundo de um cortejo regado com muita cerveja, transportada nos carrinhos de supermercado roubados. Os nabos, surripiados pelos doutores no mercado municipal, são muitas vezes alterados ficando com sabores e cores diferentes. São depois trincados pelos caloiros que em troca podem receber um rebuçado, uma moeda ou, quem sabe, uma bebida para adoçar a boca. O som dos apitos mistura-se com os gritos académicos e com o acelerar de carros velhos, vindos directamente da sucata. Tudo serve para transportar os garrafões e tudo é motivo para beber. As ruas inundam-se com as cores dos diferentes cursos e das diferentes instituições de ensino. Por todo o lado se avistam visitantes que vêm assistir ao desfile daqueles que dão vida à cidade de Coimbra, os estudantes.
A tradição da festa das latas iniciou-se no séc. XIX, contudo as finalidades eram diferentes. Os estudantes comemoravam o final do ano lectivo alegremente e de forma ruidosa, utilizando para o efeito todo o tipo de objectos que produzissem barulho, como as latas. Actualmente, esta festa tem o objectivo de receber os novos estudantes denominados “caloiros” que protagonizam um dos momentos altos da Latada, o cortejo. Desfilam pelas ruas da cidade dirigindo-se da Alta para a Baixa, em cuecas, fraldas, e adereços que não lembram a ninguém. As críticas ao ensino superior, ao sistema educativo, a professores e governantes, bem como a acontecimentos nacionais vêem-se em cartazes, roupas, carros. De todo o lado se ouvem risos, gritos, apitos, músicas fruto da imaginação dos estudantes que tentam elevar a sua escola ou curso acima de todos os outros, toda uma euforia numa competição saudável que visa apenas o divertimento.
Os caloiros, acompanhados pelos seus padrinhos ou madrinhas, desfilam até ao rio Mondego e esperam em filas que parecem não ter fim. Finalmente, vêem o padrinho mergulhar o penico nas águas do rio para os baptizarem num gesto que pretende dar sorte para o percurso académico que agora se inicia. Os fotógrafos, com botas de pescador, tentam registar estes momentos, contudo, alguns estudantes mais alegres não esperam pelo flash e atiram-se às águas do Mondego.
A animação continua pela noite dentro e atinge o auge com a actuação do tradicional Quim Barreiros.
Gentleman, Orishas, Gary Nesta Pine, Papas da Língua, Xutos e Pontapés, David Fonseca são cabeça de cartaz da Latada 2007. Pela primeira vez a Praça da Canção foi o local escolhido para receber a Festa das Latas. “Acho que está muito melhor, tem mais espaço e foi uma óptima ideia terem colocado uma cobertura junto ao palco” refere Sandra Silva, mestranda em psicogerontologia. A estudante acrescenta ainda que “deviam aumentar o número de casas de banho, uma vez que há poucas para tantos utilizadores”.
Toda uma festa pensada para ser a melhor de sempre, com o maior investimento tanto a nível de infra-estruturas como de artistas nacionais e internacionais. Grupo 1

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