A discriminação em relação aos portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH também conhecido por HIV), responsável pela Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA), persiste, remetendo, muitas vezes, para a clandestinidade um problema que é de todos.
Não obstante as várias campanhas informativas e de sensibilização realizadas nos últimos 20 anos, há ainda muita ignorância em relação à doença. “Quase toda a gente já ouviu falar na palavra SIDA, ouviu falar no HIV, mas não sabe ao certo o que é a doença, quais os factores de risco, como se transmite ou não se transmite”, diz Teresa Ferreira, médica de clínica geral.
Muitos doentes são considerados"infames", porque “durante muitos anos foi uma doença tabu, da qual que as pessoas não falavam. Pensavam que era uma doença relacionada com homossexuais, tudo foi sempre muito estigmatizado”, explica a médica.
O vírus HIV fragiliza o sistema imunitário, deixando-o vulnerável a muitas doenças e podendo levar à SIDA. Ser seropositivo significa que o sistema imunitário está infectado pelo HIV, mas não necessariamente que se tenha SIDA, mas o vírus é transmissível e pode demorar muito tempo até se manifestar.
Daí o medo e a insegurança que toma conta das pessoas. “Até os próprios médicos ainda têm uma certa relutância em contactar com doentes HIV positivos. Numa urgência, se um doente diz que é HIV positivo, o médico que está com ele quase sempre encaminha-o para médicos de doenças infecciosas”, diz Teresa Ferreira, acrescentando: “Até eu, que sou médica, ao contactar com doentes HIV positivos tive receio, foi preciso um momento de consciencialização”.
Enquanto profissional de saúde, na área de enfermagem, João Alves afirma que procura ser o mais correcto, ética e humanamente, para com os portadores de HIV: “Imagino como deve ser difícil para uma pessoa portadora do vírus HIV lidar com seus próprios sentimentos, exorcizar os medos, viver um dia de cada vez”.
O HIV não é transmitido por beijos, abraços, suor, saliva, lágrimas, pelo uso comum de piscinas, copos, talheres ou roupas. O contágio ocorre através de relações sexuais sem protecção, do contacto sanguíneo, pelo uso de agulhas e seringas contaminadas ou de mãe seropositiva ao filho, sendo possível, neste último caso, diminuir esse risco, através de cesariana e de outros recursos, nomeadamente através de medicamentos específicos para o HIV.
A principal via de transmissão do vírus HIV é o contacto sexual, surgindo muitos problemas adicionais, resultantes de questões culturais relacionadas com a sexualidade. Se é uma mulher a portadora do HIV, é rotulada como “promíscua”, se é um homem, já está previamente classificado como “homossexual”, se o caso envolve uma pessoa idosa, trata-se de uma “velhinha ou velhinho tolo”. Desta maneira, todo o seropositivo sente-se socialmente pré-rotulado para a exclusão. Mas os profissionais de saúde são unânimes em afirmar que já não existem “grupos de risco”. “É muito fácil evitar o contágio se houver uma relação protegida, basta um preservativo para que isso aconteça”, acrescenta a médica.
A SIDA é um problema global, sendo necessária uma maior consciencialização, que leve à adopção de comportamentos sexuais responsáveis. Para isso, é preciso uma “educação sexual precoce, aberta e descomplexada”, diz Teresa Ferreira.
Tânia Gonçalves
3º Comunicação Social
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Combater a ignorância
às
19:52
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