sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Mancha sem nódoa

Dizem os adeptos mais emotivos que ser da Académica é ter paixão. É gritar, lutar, apoiar, enrouquecer, incentivar, ir, estar, defender, acreditar, resistir, crer, rir e chorar. O preto que os une na bandeira, nas camisolas, na capa e na batina é o mesmo que os irmana sob o historial do clube, com os seus valores, os princípios e ideais.
A Mancha Negra surgiu da fusão de três claques, Força Negra, Maré Negra e Solum Power. Nasceu no dia 3 de Março de 1985, num jogo entre a Académica e o Sporting de Braga. A claque decidiu usar o nome de uma das personagens de Walt Disney, o vilão Mancha Negra e, ao contrário do que o nome indica, dá sempre um colorido aos estádios onde se apresenta. Desde cedo que os objectivos do grupo passaram por estabelecer amizades com outras claques, por “torcer” pela Académica e por contribuir para o desenvolvimento do espírito “ultra” em Portugal.
O número de inscritos na Mancha Negra, e com a situação regularizada, tem vindo a diminuir, ficando, actualmente, pelos 1300. “Para ser sócio da Mancha Negra é necessário, antes de mais, ser-se sócio da Académica”, esclarece Bruno Dinis, antigo membro da direcção.
No contexto actual do clube, a opinião da Mancha Negra é ouvida regularmente, quer pelas sucessivas direcções da “Briosa”, quer pela comunicação social da zona centro do país.
Desde a sua fundação, a “MN” nunca deixou de apoiar a Académica e assume-se “100% Briosa” e conta com o apoio da direcção do clube. Actualmente, a claque está organizada por núcleos que representam as várias zonas da cidade, cujos chefes, asseguram que a informação chega rapidamente a todos os membros.
Muitos olham de lado para as claques, talvez por apenas as associarem a episódios de violência. Ao longo dos tempos, a Mancha Negra foi evoluindo em termos de mentalidade e conseguiu, apesar da presença, de muitos anos, da Académica na segunda divisão, criar fortes raízes que hoje em dia sustentam a claque. Luís Carvalho, membro do núcleo de S. Martinho do Bispo e adepto incondicional da Briosa, reforça essa ideia: “A MN é, acima de tudo, um grande grupo de amigos”. A Mancha Negra encontra-se neste momento bem preparada para receber novos elementos, na certeza de que a mensagem passará correctamente a quem chega e de que todos ficarão imbuídos do verdadeiro espírito “ultra”.
Organização é algo em que nunca foi forte. No entanto, tem-se mudado gradualmente esta forma de estar da claque e, aos poucos, a organização tem vindo a impor-se. A criação da revista Central B é exemplo disso. Funciona como veículo de transmissão das ideias dos adeptos da Académica em geral e dos “manchas” em particular. A claque criou também o seu sítio na web (www.manchanegra85.com) com o intuito de estar mais próxima das pessoas, nomeadamente dos seus membros. “É uma forma de apresentar às pessoas a sua história, as suas actividades e as suas aventuras em cada viagem”, esclarece Bruno Dinis.
A Mancha Negra tem sido uma claque muito activa e atenta aos problemas da Académica. Deste modo, os membros da Mancha não se inibem de fazer passar a sua mensagem, quer participando nas assembleias de sócios do clube, quer no estádio, lugar de eleição para a actuação da claque.
Para os elementos da MN, o espectáculo das bancadas não se restringe somente aos cânticos de incentivo à equipa e afirmam que as coreografias são uma espécie de arte. Para Luís Carvalho, esta é uma forma de demonstrar o seu amor pela “Briosa” e pela cidade de Coimbra. “Um dia, até fiz uma bandeira com 15 metros quadrados”, conta cheio de orgulho. A “arte” exibida nas bancadas reflecte um trabalho árduo, levado a cabo durante semanas por alguns “ultras”. “O prazer de assistir ao resultado desse trabalho, de saber que a coreografia teve o efeito desejado é comparável, muitas vezes, ao sabor das vitórias da Briosa”, afirma Luís Carvalho.
A vida da claque não passa apenas pelo futebol. As actividades paralelas são uma constante. O convívio na sede, a realização de “patuscadas” e grandes jantares, os jogos de futsal entre os elementos e outras actividades lúdicas são parte integrante do dia-a-dia da Mancha Negra.
Apesar de, por vezes, o clube não lhes dar tantas alegrias com desejariam, os “manchas” continuam a apoiar incondicionalmente a Briosa. Bruno Dinis remata: “é uma claque diferente, num clube diferente. Não nos cansamos de dizer que se ela jogasse no céu, morreríamos para a ver jogar”. Grupo 2

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