É usual falar-se na dependência do tabaco, do álcool e das drogas , mas a dependência de determinados medicamentos já começa a ser encarada como um problema grave e muito sério na sociedade.
Os antidepressivos e os ansiolíticos, embora muitas vezes receitados para sintomas comuns e de resolução simples, tornaram-se na única solução para a chamada “doença da moda” – o stress.
Diana Oliveira, estudante, diz que começou a tomar antidepressivos porque tinha ataques de pânico frequentes. Só toma este tipo de medicamentos enquanto tiver acompanhamento psiquiátrico, até aprender a controlar os ataques sozinha.
A acção dos antidepressivos ocorre no Sistema Nervoso Central, normalizando o humor, mas só actuam em pessoas com depressão. Estes fármacos são utilizados para o tratamento da depressão (perturbação do humor), do pânico (caracterizado pelo desenvolvimento de ataques inesperados) e da fobia social (medo persistente e acentuado de situações sociais). Os antidepressivos podem levar à incapacidade de conduzir, ao risco de hipertensão arterial e a reacções paradoxais mais evidentes em idosos e crianças.
Receitados, usualmente, em simultâneo com os antidepressivos, os ansiolíticos são usados no combate da ansiedade patológica, visando tranquilizar o doente. Estes medicamentos tentam minimizar os sintomas de stress. São um perigo quando administrados incorrectamente. O uso de ansiolíticos pode provocar algumas reacções adversas, como sonolência, vómitos, dependência e vertigens.
Filipa Araújo, estudante de psicologia, reconhece que tomou ansiolíticos para conseguir controlar a ansiedade que sentia perante situações mais desfavoráveis. Esta estudante admite que quando tomava estes fármacos parecia ter um pouco mais de sonolência. Agora, já não os toma, porque aprendeu a controlar a sua ansiedade.
Segundo a revista Farmácia Saúde, os portugueses “consomem mais antdepressivos. Em 2001, venderam-se perto de 4 milhões de embalagens, mais do dobro do que se consumiu uma década antes (1,8 milhões em 1992). E vendem-se igualmente mais ansiolíticos, hipnóticos e sedativos, bem como neurolépticos”.
A Organização Mundial de Saúde (2001) prevê que a depressão se torne a maior causa de morbilidade nas primeiras duas décadas deste século.
Na opinião de António Oliveira Reis, farmacêutico, tem existido um aumento do consumo de antidepressivos e dos ansiolíticos, o que relaciona com uma sociedade que vive em stress, e que leva muitos a criarem dependência destes medicamentos.
Segundo Isabel Paiva, sub-chefe de Enfermagem, CPRArnes, “o uso prolongado pode causar dependência e síndrome de abstinência quando a medicação é interrompida”. Outros profissionais de saúde são da opinião que, actualmente, este tipo de psicofármacos são administrados em doses excessivas e, em alguns casos, desnecessárias, podendo ser substituídos por psicoterapias.
É frequente observar-se, principalmente nos serviços de Psiquiatria, a presença de doentes completamente sedados, ao ponto de não conseguirem satisfazer as suas necessidades básicas como higiene e alimentação de forma autónoma, o que não se verificava antes do processo de tratamento.
Fazendo uma analogia, a utilização dos psicofármacos deve funcionar como o corrimão, onde a pessoa se apoia para ter equilíbrio suficiente para subir uma escada muito alta. Logo que adquira a ritmo de subida, pode deixar o corrimão e continuar a subir sozinha. Este corrimão apenas dá sustentação, mas o esforço principal deve ser do doente. Neste processo a motivação e auto-estima são aspectos cruciais.
Sara Santos
3º Comunicação Social
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Usar sem abusar
às
19:15
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