quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Chamamento de Deus

Como seria uma aldeia sem um padre? Nestas pequenas localidades, são hábitos já há muito adquiridos ir à missa ao domingo de manhã ou a realização das festas religiosas, mas nas cidades torna-se cada vez mais escassa a prática cristã, que diminuiu cerca de 20 % em Portugal.
Quando alguém diz: “Vou ser padre”, os motivos dessa escolha costumam ser questionados. Os seminaristas dão uma resposta simples: dizem ser jovens comuns, que optaram por outro caminho. Afirmam ter uma vida normal e gostar das mesmas coisas que todos os rapazes gostam. Muitos, antes de iniciarem o novo caminho, tinham namorada e faziam o mesmo que qualquer outro jovem. Continuam a fazê-lo, apenas rezam um pouco mais. Levantam-se cedo, estudam, fazem exercício físico, como outra pessoa qualquer.
Entre 2000 e 2005, verificou-se um aumento do número de estudantes de Filosofia e Teologia nos seminários religiosos e diocesanos, à excepção da Europa, onde houve um decréscimo de 14,95 por cento no número de candidatos ao sacerdócio. O continente africano foi o que registou maior crescimento (15,68 por cento). Contudo, constata-se que em relação aos quinquénios anteriores (1995-2000 e 1990-1995) o número de candidatos ao sacerdócio tem vindo a diminuir. Para o Pe. Pedro Nunes Pedro, capelão dos Hospitais da Universidade de Coimbra, este é o resultado da “grande mutação cultural que existiu no nosso país e no mundo”, mas não só. Diz tratar-se também da crescente valorização do sucesso individual, das carreiras profissionais e ainda do consumismo e do materialismo.
Encontrar alguém que sinta vocação para exercer o ministério sacerdotal é algo raro. Os poucos jovens que pretendem seguir esta vocação, fazem-no de forma abnegada, com sacrifícios, mas convictos de que esse é um dos caminhos para a felicidade. Para haver mais vocações, o Pe. Pedro afirma ser “preciso pedir a Deus”, pois “uma vocação é um chamamento de Deus”, dizendo: “É preciso que as comunidades cristãs e os cristãos individualmente vivam mais a fé. Não se limitem a ser «cristãos não praticantes»". Declara que é preciso “despertar os jovens para o voluntariado, para o serviço ao próximo, para que alguns assumam esse compromisso para a vida, por exemplo, no sacerdócio.”
No Seminário Maior de Coimbra estão, actualmente, nove seminaristas, que têm de completar 6 anos de formação, o que “implica uma reorganização no trabalho paroquial”, afirma o Pe. Pedro, pois a falta de padres faz com que “um grupo de padres trabalhe em conjunto para servir um certo numero de paróquias, situação que já se verifica em algumas.
Mas não são só os rapazes que sentem o "chamamento de Deus", pois também as raparigas se podem tornar religiosas. O número de vocações para a vida religiosa feminina diminuiu, cerca de 5 por cento. Contudo, este decréscimo verifica-se apenas na Europa (menos 11,8 por cento), na Oceânia (menos 10,7 por cento) e na América (menos 7,5 por cento), tendo aumentado na África (11,8 por cento) e na Ásia (11 por cento). Apesar de tudo, ainda é a Europa que apresenta o maior índice mundial de religiosas, rondando os 42,47 por cento.

Filipa Silva
3º Comunicação Social

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