A Universidade do Tempo Livre (UTL), em Coimbra, está a iniciar mais um ano lectivo de aprendizagem e de convívio. Para além das aulas, duas vezes por semana, a UTL promove outro tipo de actividades para os idosos preencherem o tempo livre, nomeadamente passeios e visitas a museus. Alemão, Inglês, Italiano, Religião e Religiões, Informática, Astrologia Científica, Ginástica e Manutenção, Yoga, Danças de Salão e Fotografia Digital são apenas algumas das disciplinas que os alunos da UTL podem escolher.
Álvaro Moreira, aluno na UTL há quatro anos, frequenta as aulas de Inglês e de Informática. Antigo Inspector, na área de Direito Administrativo e em Direito do Trabalho, soube da existência da universidade através de uma vizinha. Procura, desde há quatro anos, manter uma vida activa e manter-se ocupado. Álvaro Moreira recorda o que o levou a ingressar na UTL: “Temi o corte de uma vida intensa para uma vida demasiado parada”. Com a ida para a universidade procurou sobretudo “uma valorização social”. E acrescenta: “a Informática surge como um desafio novo enquanto o Inglês, como forma de recordar a língua”.
As actividades oferecidas pelas Universidades para a Terceira Idade (UTI) são variadas. Um anúncio, entre os muitos disponiveis, sintetiza o conceito: “Se já não tem idade para trabalhar e não quer estar em casa sem fazer nada, pode ocupar o seu tempo e aprender diversas actividades desde teatro, bordados, música ou mesmo disciplinas como Antropologia, Literatura Portuguesa, Marketing ou Informática”.
As UTI’s são um modelo de formação de adultos, com grande sucesso a nível mundial, que lhes proporciona um enorme leque de actividades culturais, recreativas, científicas e de aprendizagem. Reforça os laços de amizade e pressupõe a captação e o desenvolvimento de novos conhecimentos. E, acima de tudo, permitem trocar conhecimentos adquiridos ao longo da vida.
Armindo Lopes, antigo empregado de escritório, antigo oficial do exército e ex-delegado de informação médica, procurou a UTL para acabar com o stress do dia-a-dia: “Estava muito cansado, ser delegado de informação médica era muito cansativo, obrigava-me a fazer muitos quilómetros”. Armindo Lopes é dos poucos alunos que ainda não está reformado. “Estou no fundo de desemprego porque ainda não tenho idade para a reforma”, explica. Soube da existência da UTL pela esposa, que também queria frequentar a universidade, e por informações da Câmara Municipal. Sobre a universidade diz: “O ambiente de camaradagem é impressionante. Há um forte equilíbrio de mentalidades, há uma maior preocupação com a evolução”.
Já a professora de Inglês da UTL considera que estes alunos são mais exigentes e mais impacientes que a generalidade da massa estudantil. “A motivação é diferente, estes alunos estão mais motivados. Estão cá porque querem, por um lado ocupar os tempos livres, ou porque querem, por outro lado sentir-se activos”, explica. A docente acrescenta: “São pessoas diferentes com feitios diferentes o que faz com que tenha de se fazer uma gestão um tanto ao quanto complicada”. “A turma começa a criar laços de afinidades e, por isso, diminuem os níveis de desistência", conclui.
Existem, actualmente, mais de 30 UTI’s que contribuem de forma pró-activa, para ajudar os idosos a construírem um futuro melhor e mais digno, para si próprios e para os outros. O objectivo é conquistar de novo uma posição importante no seio da família e da comunidade, que é sua por direito.
Catarina Fernandes
3º Comunicação Social
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Aprender até ao fim da vida
às
19:18
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