O relógio marca 16H00. Começa o turno da tarde nos Bombeiros Novos de Aveiro. Ana Lopes e Fernando Nunes, já fardados, dirigem-se à sala dos Técnicos de Ambulâncias de Emergência (TAE). Ana Lopes, bombeira há cinco anos, pega nos verbetes do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para conferir. “É a única coisa que o INEM nos paga.” O motivo radica na atribuição da ambulância do INEM à outra corporação de bombeiros de Aveiro, os Bombeiros Velhos, o Posto de Emergência Médica (PEM). Com os Bombeiros Novos, ficou a ambulância de Socorro a Náufragos.
Trim trim. Trim trim. “Bem, temos de ir. Até já.” Fernando conduz a ambulância, enquanto Ana controla os sinais sonoros. “É difícil sair do quartel, porque para além dos carros estacionados aqui em frente, na hora de saída das crianças do colégio é quase impossível a passagem da ambulância.” A juntar a essas dificuldades, soma-se a dimensão do quartel, que não é suficiente para todos os veículos da corporação, que ainda assim são poucos. “Faz-nos muita falta mais uma ambulância, pelo menos”, desabafa Fernando Nunes.
Apesar da ajuda prestada, nem sempre o estado de espírito dos bombeiros é positivo, quando regressam ao quartel. Nesta chamada, quando chegaram ao local receberam a habitual reclamação: “Pensávamos que nem vinham, demoraram tanto.” Apesar da reclamação, valeu o conhecimento da acidentada sobre o funcionamento do INEM. “Temos de ter em conta que somos os últimos a ser accionados”, diz Ana Lopes. Realidade desconhecida pela maioria dos portugueses, que pensam que quando ligam para o número de emergência médica (112) estão a ligar para os bombeiros. Quando uma pessoa telefona para o 112, a chamada é atendida por um polícia, que posteriormente a encaminha para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU). Aí, quem atende a chamada, pede à pessoa que explique a situação da vítima. Seguidamente é activada a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VEMER) e, em último lugar, a ambulância INEM. Em Aveiro, caso esta esteja ocupada, é activada a ambulância dos Bombeiros Novos, mas o tempo que leva até esta ser disponibilizada pode ser fatal para quem está à espera.
Nova emergência, nova complicação na saída da ambulância para o local. Desta vez, uma emergência mais simples e rápida. “Um cliente do costume, mas qualquer dia prega-nos um susto a sério”, diz Ana enquanto se aquece no pequeno aquecedor. Clientes do costume são bastantes, e os bombeiros até já os conhecem. Por isso mesmo, já sabem do que se trata, quando são chamados para emergências em determinados locais. “90% das chamadas de emergência que recebemos do CODU, são menos importantes do que as que recebemos directamente no quartel”, refere Ana Lopes, enquanto explica o procedimento de emergência, à primeira estagiária a acompanhar estas situações, Paula Lopes.
Outra condicionante é o local onde ocorrem as emergências. Se a ocorrência for na via pública, é quase sempre emergência, pois o facto de uma pessoa se encontrar ferida num local público, à vista de toda a sociedade, não favorece a imagem do INEM. No entanto, caso a emergência ocorra em local privado, como a casa do acidentado, condiciona as saídas, principalmente se quem estiver ao telefone não souber explicar o que se passa. Mas o mais grave mesmo, é quando os bombeiros são chamados directamente. “Estar um bombeiro no local, a telefonar ao CODU, a explicar a situação, e mesmo assim, o CODU não considerar a ocorrência como emergência”, explica Ana Lopes.
Às 21H00, acaba o turno de Fernando Nunes. Ana Lopes e Paula Lopes reclamam pelo jantar. Fernando acompanha-as até o centro comercial para que elas possam jantar acompanhadas e também para ajudar Ana nas explicações à nova estagiária. Para Fernando, o dia hoje terminou, mas as emergências continuam pela noite fora…
Andreia Pereira
3º Comunicação Social
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Emergências nos bombeiros
às
09:02
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