Acabado o curso, muitos deparam-se com um obstáculo comum a muitos portugueses: o desemprego. Ao folhear os jornais, deparam-se com uma realidade mais sombria do que esperavam. “O flagelo do desemprego atingiu no primeiro trimestre deste ano 8,4% da população, que se encontra disponível para trabalhar” ou “ A taxa de desemprego regista maior subida dos últimos 15 anos”, são títulos quase diários. Enquadram-se nesta taxa percentual cerca de 50 mil jovens licenciados que terminaram os seus estudos e não encontram possibilidades de carreira na sua área de formação.
É neste cenário que os jovens começam a decidir o seu futuro, procurando alternativas com vista à sua independência pessoal e financeira.
A formação desejada e, por vezes, obtida com muito esforço passa para segundo plano. Uma das portas que se abre mais facilmente é a das empresas de trabalho temporário que recrutam e formam pessoas para as mais diversas áreas e sectores do mercado. São chamadas empresas de outsourcing, fornecendo recursos humanos a outras empresas que tentam diminuir os seus custos.
Segundo Bruno Pinheiro, responsável pelo call-center de apoio ao cliente da TV Cabo Portugal, “este trabalho temporário é procurado sobretudo por jovens que acabaram de completar a licenciatura. Tenho à minha responsabilidade cerca de 80% de licenciados e, considerando que estamos na "cidade dos estudantes", não há surpresa. Durante a procura do primeiro emprego precisam de pagar as despesas normais de uma casa e mesmo as da própria procura, e este torna-se um meio acessível a todos”.
Vera Salvador, licenciada em Língua Portuguesa e a trabalhar no atendimento ao público na loja da TV Cabo, em Coimbra, é um dos casos que ilustram esta realidade. Com 30 anos, procurou “uma segunda opção ou um recurso para pagar as despesas lá de casa”. “As preocupações de quem se esqueceu de pagar a factura do mês ou os problemas com os cabos de fibra óptica não são propriamente a realidade que me fazem mais feliz. No entanto, não me imagino daqui a 3 ou 4 anos no mesmo sítio. Gostaria de exercer aquilo para que estudei e dediquei tanto tempo, mas as coisas não estão fáceis para ninguém”, remata.
Percorrendo a mesma empresa, longe dos olhares cansados na fila à espera de vez, está Liliana Soares, de 28 anos. “O meu percurso foi um pouco diferente do habitual. Desisti de estudar aos 17 anos e quis logo pôr as mãos no trabalho. Respondi a um anúncio no jornal que pedia operadores de loja. E agora que já experimentei um pouco de tudo decidi tirar um curso superior que me preenche mais e sobretudo que é um complemento à formação prática que já tenho.”
Só para a TV Cabo Portugal, na zona centro, trabalham duas empresas de outsourcing absorvendo cerca de cem colaboradores a prestarem serviços de part-time e full-time.
Para o primeiro emprego a solução eficaz não existe, o que existem são pequenas opções até se encontrar o caminho, e o trabalho temporário pode ser uma alternativa à espera.
Diana Oliveira
3º Comunicação Social
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Quando o temporário passa a permanente
às
10:38
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