sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Crescente número de licenciados
é novo problema social

Longe vão os tempos em que um ‘canudo’ garantia uma entrada directa no mercado de trabalho.
Ao longo dos anos, o número de desempregados com habilitação superior têm vindo a aumentar significativamente, em consequência do aumento do número de diplomados.
Ivo Reis é um dos milhares de licenciados actualmente no desemprego. Licenciado em Tecnologias da Comunicação pela Escola Superior de Tecnologia e de Gestão do Instituto Politécnico de Bragança, está desempregado há cerca de um ano e, neste momento, procura ainda a sua primeira experiência na sua área de formação. Ivo Reis considera que o importante é não parar de procurar. “As desilusões fazem parte da aprendizagem que é necessária para enfrentar a realidade e a competitividade do mercado de trabalho, seja onde e quando for”, refere.
Segundo dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), no mês de Outubro de 2007, registaram-se cerca de 44.692 desempregados licenciados, em todo o país.
No entanto, o número de desempregados difere consoante as áreas de formação. As áreas das ciências sociais e as áreas ligadas à educação e à formação de formadores são aquelas que apresentam a maior taxa de desemprego, de acordo com os dados apurados pelo IEFP, em Junho de 2007.
Muitos são aqueles que não conseguem encontrar emprego na sua área de formação e que optam por trabalhar em outras áreas. É o caso de Ana Rita Jacinto e Catarina dos Santos. Ana Rita Jacinto é licenciada em Relações Internacionais pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e actualmente está a trabalhar como recepcionista no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra.
Licenciada há já três anos, Ana Rita Jacinto, teve apenas uma experiência na sua área de formação num estágio que efectuou. Revela que já não tem esperança em encontrar emprego na sua área e que, se fosse hoje, escolheria uma área de formação diferente.
Catarina dos Santos, licenciada em Psicologia pela Universidade Internacional da Figueira da Foz, está actualmente a trabalhar como administrativa numa empresa de cerâmica. Terminou a sua licenciatura há dois anos e, até agora, a única experiência que teve na área da psicologia foi no seu estágio curricular.
A jovem licenciada garante que, se entrasse hoje para o ensino superior, não seguiria um sonho, como fez e que tentava “apostar numa área onde as saídas profissionais fossem mais viáveis”.
Contudo, Catarina dos Santos afirma que “o importante é nunca desistir”, acrescentando: “Deve-se tentar sempre fazer valer a vontade que nos moveu durante anos para concluir o curso”.
Na opinião dos jovens licenciados, o facto de muitos diplomados estarem a trabalhar numa área diferente da sua formação, deve-se essencialmente à realidade do mercado de trabalho em Portugal, à constante procura das empresas por pessoas com larga experiência de trabalho e ao comodismo de encontrar um emprego, sem qualquer ligação com o curso frequentado, onde se obtém um ordenado considerável.
No distrito de Coimbra, a maior taxa de desemprego verifica-se no grupo dos licenciados. No passado mês de Outubro, registaram-se neste distrito 1614 desempregados com formação superior.
Sónia Teles, responsável pelo gabinete de saídas profissionais da Associação Académica de Coimbra, refere que uma licenciatura continua a ser o caminho mais seguro para entrar no mercado de trabalho. No entanto, sublinha que se deve “ter em atenção os cursos que se fazem” porque nem todos têm uma boa integração no mercado de trabalho.
Apesar do número elevado de licenciados desempregados que se regista a nível nacional, este grupo de desempregados representa apenas 9,4 por cento da população inscrita nos centros de empregos de Portugal.

Urânia Cardoso
3º Comunicação Social

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