sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Óleos Alimentares
de resíduo a matéria-prima

Os Óleos Alimentares Usados (OAU) são uma das mais recentes apostas no sector da reciclagem de resíduos.
Derivados da fritura de alimentos, os OAU provêm na sua maioria do uso doméstico, do fabrico industrial de batatas fritas e do sector HORECA que inclui hotéis, restaurantes, cantinas e cafés. No entanto, apenas uma pequena percentagem faz chegar os seus óleos a empresas especializadas na reciclagem desse resíduo.
Foram as questões sociais e ambientais que, no primeiro trimestre deste ano, levaram a APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) de Coimbra a ingressar na actividade de recolha destes resíduos. José Júlio, responsável pela gestão da associação refere que poucos são ainda os cidadãos individuais que entregam os seus óleos para reciclar. Hospitais, restaurante, cantinas, autarquias e instituições de solidariedade social são as principais organizações com as quais a associação trabalha.
O Hotel Tivoli de Coimbra é um dos 433 estabelecimentos no distrito de Coimbra que entrega os OAU à Biological, empresa de recolha desses resíduos. Na cozinha do hotel foi colocada uma vasilha onde são depositados os OAU. Após uma recolha, a empresa substitui o recipiente por um devidamente lavado e com condições para ser novamente utilizado. Por mês, este estabelecimento entrega 20 litros de óleo.
Helena Sequeira refere que a política do hotel “assenta na preocupação de ser ambientalmente responsável” e salienta que em Agosto deste ano lhes foi atribuída a certificação em Qualidade, Ambiente e Segurança.
A Biological, após a recolha, armazena temporariamente na sua empresa os OAU, em recipientes próprios até serem dirigidos aos operadores da reciclagem.
Isabel Tavares, gerente do restaurante “Os Tigres” refere que foi por iniciativa própria que, há um ano, procurou uma empresa de recolha para os seus óleos. “Foi fácil encontrar uma empresa que efectuasse esse trabalho, pois encontrei várias. Depois disso, já passaram por aqui algumas a oferecerem os seus serviços”, diz a gerente.
Os OAU, recolhidos e armazenados, têm como principais destinos finais a industria saboeira e a produção de biodiesel, que se concentra mais na zona norte do país.
Segundo a Quercus, em Portugal existem cerca de dez empresas de reciclagem.
No que diz respeito à legislação, Cármen Lima, da Quercus, afirma que actualmente não existe “uma legislação específica” para a reciclagem dos OAU, “mas sim referências no âmbito da gestão dos resíduos”.

Da fritadeira para o depósito

A utilização do OAU como fonte de produção de biodiesel tem sido apontada como uma das melhores soluções. A DieselBase é uma das empresas portuguesas que recebe o óleo para produção desse combustível. A empresa salienta a diminuição da produção de gases para a atmosfera e a independência face ao mercado de petróleo que oscila constantemente, como vantagens que o biodiesel apresenta em relação aos outros combustíveis.
A Lei proíbe que OAU sejam depositados no sistema de esgotos, mas a verdade é que as ETAR’s são frequentemente inundadas por óleos e gorduras associadas.
Susana Ferreira, engenheira das Águas de Coimbra explica que os perigos causados por esses óleos, quando depositados nas redes públicas de águas residuais, interferem principalmente na saúde, no ambiente e no estado das tubagens. “Um litro de óleo alimentar contamina cerca de um milhão de litros de água. O equivalente ao consumo de uma pessoa num período de 14 anos” alertou a engenheira.
É certo que não existe um sistema de recolha obrigatória nem uma fiscalização ao destino que é dado a esses resíduos. No entanto, o Instituto de Resíduos sugere que tanto no sector doméstico como no sector Industrial ou no sector HORECA, os produtores de OAU manifestem uma participação voluntária e de responsabilidade pelos seus resíduos.

Sara Pereira
3º Comunicação Social

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