Quem entrou na cidade de Coimbra pela ponte de Sta Clara, facilmente percebeu que algo diferente tomara conta das ruas da cidade. A noite estava calma e muito fria, um grau a menos e a temperatura passava a negativa. A decoração natalícia parecia ser a mesma dos anos anteriores, mas a música da orquestra ecoava tão alto que que era impossível não perceber que a noite se transformara numa festa.
A ideia partiu de um grupo de estudantes de Engenharia Informática, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que desenvolveu o projecto “Noite Branca”, que consiste na animação cultural e comércio nocturno, para ajudar o comércio da baixa de Coimbra a combater a "desertificação", devido às enormes afluências a grandes superfícies comerciais.
Armindo Gaspar foi um dos visitantes que decidiu participar. “A minha família está a adorar presenciar este acontecimento. A cidade precisa de mais iniciativas como esta ao longo do ano, pois temos mesmo de manter viva a tradição na cidade, caso contrário o comércio tradicional continuará a desaparecer”, diz.
No centro da Praça Oito de Maio, vê-se uma enorme chaminé com cerca de quatro a cinco metros de altura, com um Pai Natal no topo. À entrada da Igreja de Sta Cruz, a Orquestra Ligeira da Filarmónica do Mondego anima a praça, onde muitos dançam.
Segundo Luís Braga, proprietário de uma loja de agasalhos nas imediações, “a noite está fria, o que por um lado é bom para as vendas, mas por outro é mau para as pessoas, pois muitas não se atrevem sequer a pensar sair de casa. Contudo, o resultado é acima do esperado, estou muito satisfeito. Gostaria de manter a minha casa aberta por muito tempo, mas para isso é necessário que a situação melhore consideravelmente".
Seguindo na direcção da Praça do Comércio, ouve-se um grande alarido ao cimo das escadas, é o Rancho Folclórico da Associação Cultural Rosas do Mondego a animar a “malta”, mas o ruído é tão alto que os cantores do rancho têm de se esforçar para se fazerem ouvir.
Sentados num dos bancos de jardim que ali se encontra, estão dois vendedores ambulantes, com peças de madeira trabalhadas à mão. Joeli Albani, moçambicano, não tem dúvidas, a iniciativa é boa: “A cidade está cada vez mais deserta, no Verão vêm-se poucas pessoas nas ruas, devem ir para a praia… no Inverno ninguém se atreve a sair à rua com medo do frio, são iniciativas como esta que nos fazem ganhar um pouco mais, esta cidade vive de estudantes, mas existem mais pessoas a viver cá e a precisarem dela para conseguir comer”.
Ao fundo das escadas da Praça do Comércio ouviu-se um enorme eco, o som bateu tão forte nas paredes da Igreja S. Bartolomeu, que era impossível alguém esquecer que a noite era de festa. O grupo responsável por tamanha algazarra é a “Olpa Big Band”, Orquestra Ligeira da Filarmónica da Pampilhosa, com 15 músicos.
Na Rua da Sota, a cerca de 5 metros da actuação, há três montras diferentes de todas as outras, são “montra vivas” com manequins humanos, quem passa acha engraçado e ri, ri tanto, que fazem rir os próprios manequins.
O pequeno estacionamento junto ao barco Basófias está apinhado de carros e até os arrumadores parecem ter tirado folga. À entrada da rua encontra-se um grupo de gaiteiros. O passeio está tão repleto de pessoas que parece ser dia. Dia de festa.
Paulo Rodrigues
3º Comunicação Social
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Baixa de Coimbra em alta
às
10:50
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